Não terá chegado a durar um dia, mas notou-se em todas as Universidades, Politécnicos e laboratórios estatais acima do Mondego: durante umas obras levadas a cabo nos caminhos de ferro entre Coimbra e Vermoil foi cortado o troço de fibra ótica da Rede Ciência, Tecnologia e Sociedade (RCTS). Devido ao corte inadvertido, as instituições científicas do Norte do País registaram um apagão momentâneo que se prolongou durante quase todo o dia de quarta-feira.
O corte teve como consequência direta um “ciberapagão” súbito, mas não foi a única contrariedade registada na rede científica nacional. De acordo com a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), as comunicações só ficaram interrompidas devido ao facto de existir uma segunda falha já conhecida, que teve lugar num equipamento situado na cidade de Vigo, em Espanha, antes do inadvertido corte de cabos verificado em Coimbra.
Nas telecomunicações, as arquiteturas circulares, que levam à criação de anéis que ligam vários pontos geograficamente dispersos, têm sido privilegiadas pelo facto de permitirem encaminhar as comunicações no sentido contrário ao de uma falha ou de um corte de uma rede. A RCTS também adotou a arquitetura circular como forma de redundância das comunicações, só que essa boa prática não foi suficiente para superar uma segunda falha que impediu que as comunicações seguissem o percurso alternativo ao corte provocado pelas obras ferroviárias entre Coimbra e Vermoil.
«No anel em causa, parte do seu trajeto segue por Espanha, pois assim temos maior redundância geográfica. No entanto, tinha ocorrido antes uma falha elétrica em Vigo que queimou um equipamento de transmissão», explica a FCT, numa declaração oficial enviada para a Exame Informática.
O “caso”, que devido ao período de férias terá tido repercussões diminutas, serviu de confirmação no terreno para a necessidade de renovação da rede científica. «Está em curso desde o final de 2017 um projeto de reforço da capacidade e da redundância da RCTS, especialmente na região norte, que irá reduzir ainda mais a probabilidade destas ocorrências», informa a FCT.