Imagine que descobre um hotel num site. Provavelmente, as primeiras coisas que vai tentar saber sobre o quarto que quer alugar é o preço e a localização, certo?. Em contrapartida, uma pessoa com necessidades específicas já não se pode contentar com o custo da estadia ou uma morada – e poderá ter de se certificar se o hotel tem rampa de acesso para cadeira de rodas, se há barras de apoio no chuveiro, se a ementa está em braille, se são prestados cuidados médicos no quarto ou quantos centímetros de altura tem o colchão. A partir de hoje, este tipo de pesquisas ficou mais fácil para pessoas com necessidades específicas: O site e a app TUR4All acabam de estrear com mais de 400 auditorias de acessibilidade em espaços de lazer e hotelaria nas sete regiões de turismo portuguesas. A nova ferramenta resulta de uma parceria entre a Accessible Portugal, a Fundação Vodafone e a Turismo de Portugal.
Hoje, durante a cerimónia de estreia realizada em Lisboa, apenas foi possível ver TUR4All numa versão app para Android e traduções para três línguas. Até julho, prevê-se que seja lançada uma versão para iOS e traduções para um total de sete línguas. Mas estas são apenas algumas das evoluções já definidas para a TUR4All: os criadores da app recordam que esta iniciativa de cariz social também permite que os utilizadores descrevam e atribuam pontuações quanto à acessibilidade dos diferentes hotéis, restaurantes, transportes, espaços museológicos ou de divertimento e lazer que podem ser apresentados tanto em pesquisas simples, como programas predefinidos para diferentes localidades.
No fecho da cerimónia de lançamento, Ana Mendes Godinho, Secretária de Estado do Turismo, frisou a importância que a TUR4All poderá vir a ter na captação de consumidores nacionais e estrangeiros. «Um hotel não vai gostar de fazer uma pesquisa em que aparece um concorrente e ele não aparece lá», lembrou a governante.
Antes do encerramento, Ana Sofia Antunes, secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, já tratara de lembrar que as necessidades específicas não são um exclusivo das pessoas que a comunidade reconhece como deficientes. Idosos, pessoas que estão a recuperar de acidentes ou doenças, ou até pais com bebés também podem querer tirar partido de algumas das funcionalidades associadas à acessibilidade. «Esta plataforma não beneficiará apenas pessoas que têm deficiências», concluiu Ana Sofia Antunes.
A TUR4All resulta da transposição de um projeto desenvolvido pela Predif e pela Vodafone em Espanha. Além das barreiras do mundo “real”, a TUR4All tem em conta as barreiras típicas da Internet – e por isso respeita os padrões de acessibilidade WCAG2.0 da W3C. Mário Vaz, CEO da Vodafone Portugal, lembrou os investimentos que a Fundação Vodafone tem levado a cabo nos últimos tempos (investimentos de 1,5 milhões de euros por ano) com vista a promover projetos de cariz social, e enalteceu a primeira barreira que o TUR4All já eliminou: «A infoexclusão é uma barreira que tem de ser ultrapassada. Sem informação, não há inclusão».