O Museu da Carris, em Lisboa, foi o palco para o anúncio de uma nova aplicação da Via Verde, Via Verde Transportes, que vai permitir o pagamento em transportes públicos de vários operadores que atuam na área metropolitana de Lisboa.
«Este é mais um passo na desmaterialização dos pagamentos dos transportes públicos (…). Os utentes não podem ter 5 passes porque vão utilizar 5 meios de transporte”, afirmou o secretário de estado Adjunto e do Ambiente. José Mendes também deixou um desafio: «Está na altura de definirmos uma data para a descarbonização e desmaterialização do sistema de transportes. Temos de fazê-lo, pelo menos, para as cidades de referência(…) O Governo está disponível para trabalhar neste propósito».
A aplicação pertence à Brisa que já tem mais de 3 milhões de clientes do serviço Via Verde. «Esta é uma aplicação universal (que funciona com vários operadores) que já tem a confiança do mercado (porque é um serviço pós-pago com vários anos de utilização), conveniente (está no smartphone) e simples de utilizar», enfatizou Pedro Mourisca, da Brisa.
O «ser simples de utilizar» relaciona-se com o fato de ser a app a responsável por fazer a gestão das viagens. Ao entrar num transporte público da rede abrangida pelo projeto, o utilizador vai autenticar-se num beacon Bluetooth que vai assumir diferentes formatos. Na Carris, por exemplo, vai estar dentro do meio de transporte e será necessário aproximar o telefone do sistema. No Metro, os beacons estão nas portas que dão acesso à estação (à semelhança do que já acontece hoje quando se aproxima o bilhete do leitor ótico existente).
Esta condicionante será uma das que está na base do tempo que vai ser necessário até ao lançamento da aplicação: «Vamos ter de instalar todos os sistemas de verificação nos diferentes operadores o que vai demorar o seu tempo. Por isso, esta app estará a funcionar no último trimestre do ano», confirmou Manuel Garcia, da Novabase, à Exame Informática.
A empresa portuguesa é a responsável pelo desenvolvimento da aplicação e explicou que a base de dados de clientes do sistema será pertença da Via Verde que a vai acrescentar à base de dados já existente (e certificada pela Comissão Nacional de Proteção de Dados – CNPD) de clientes da Via Verde. Processo que ainda será alvo de consulta pela CNPD.
Como funciona a nova app?
Depois de usar o sistema de autenticação já referido (com os sistemas de verificação implícitos), a app terá a capacidade de sugerir trajetos ao utilizador. Por exemplo, uma viagem da Carris pode ter um preço combinado com o Metro. O que dará origem a um desconto.
Se o utilizador tiver passe, o sistema também poderá intuir proposta de trajetos e valores. No final da viagem, consoante o meio de transporte, o utilizador terá de fechar a viagem e o preço será calculado tendo em conta o consumo efetuado.
No Metro, mais uma vez, a viagem é terminada automaticamente quando o utilizador passa pelas portas onde estão os sensores.
A aplicação permite, entre outras coisas, que o titular da conta adicione mais utilizadores. Assim, é possível, por exemplo, a um encarregado de educação carregar um plafond para os filhos utilizarem em transportes ou comprar o passe. O sistema também permite a uma entidade patronal distribuir esses valores pelos funcionários.
Estando ainda em prova de conceito deu para perceber que a app estará disponível para os principais sistemas. Ou seja, Android e iOS.
Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, fechou o evento esclarecendo que é necessário «reconquistar a confiança dos cidadãos em que o transporte público é uma opção para a sua mobilidade (…) é preciso perceber que o transporte público não é o transporte para quem não tem acesso ao transporte particular». O edil de Lisboa reforçou o apoio da Câmara à implementação desta solução, mas sempre foi esclarecendo que esta não será a única solução de pagamentos para os transportes «mais vão aparecer».