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Paulo França, presidente do LREC, confirmou que está em fase de conclusão um sistema que envia, automaticamente, alertas de enxurrada em quatro ribeiras da Ilha da Madeira. O sistema, que prevê a instalação de vários sensores, vai começar por monitorizar três ribeiras do Funchal e uma quarta ribeira no concelho da Ribeira Brava.
Questionado pela Exame Informática, o responsável do LREC confirmou ainda que o sistema deverá estender-se a outras ribeiras desta ilha, que é conhecida pela abundância de água e também pelo relevo acentuado que propicia as enxurradas.
No Funchal, a monitorização vai começar por incidir sobre as ribeiras de João Gomes, Santa Luzia e São João. Na Ribeira Brava, será o curso de água homónimo a ser alvo da vigilância do sistema implementado pela empresa Wavecom, de Aveiro.
O sistema, que começou a ser desenhado em março de 2013 pelo LREC, implicou a instalação de 12 udógrafos, 10 sensores de vibração junto a estruturas de retenção de materiais sólidos que possam vir a ser arrastados por aluviões, e 32 câmaras de vídeo. Está previsto ainda o recurso a sensores de radar e sonar para monitorizar o nível das águas.
O projeto implicou a instalação de cinco gateways, junto às três ribeiras do Funchal. Estes gateways encaminham os dados e imagens captados pelos diferentes sensores para um laboratório que vai acompanhar, em permanência, a evolução do nível das águas de rios e ribeiras madeirenses. Estes cinco gateways operam com micro-ondas na banda de frequências dos 5 GHz.
Na Ribeira Brava, as comunicações recorrem a uma rede de fibra ótica detida pela Região Autónoma e, por isso, não será necessário instalar um gateway.
Paulo França lembra que o uso da rede de fibra ótica regional e de radiofrequências nos 5 GHz permite criar um sistema de comunicações que não está dependente da rede GSM – e que por isso não implica o pagamento de pacotes de comunicação a operadores, nem está dependente de eventuais avarias nas redes de telemóveis.
«Com este sistema, vamos poder analisar a evolução da precipitação, nível de água, vibrações e escoamento da água», acrescenta Paulo França.
O responsável do Laboratório tutelado pelo governo regional informa ainda que os equipamentos e a instalação do sistema automático tecve um custo de cerca de 600 mil euros – sendo 85% da verba proveniente de fundos comunitários europeus.
«Com este sistema, passamos a poder monitorizar tudo o que acontece nas ribeiras. E em caso de risco, podemos enviar alertas para a população, para que não vá para um determinado local porque há risco de enxurrada», informa o responsável do LREC, admitindo que a instalação do novo laboratório de monitorização possa reduzir as perdas materiais e humanas, como aquelas que se registaram com o aluvião de 2010, que vitimou 43 pessoas e desalojou 600 habitantes na Madeira.