Paulo Trezentos, líder da Aptoide, nada tem contra as coincidências – apenas duvida quando há «coincidências a mais». Quanto ao mais recente episódio do diferendo que a Aptoide vem mantendo com a Google não hesita em classificar como pertencente ao grupo das «coincidências a mais». «O bloqueio aconteceu há cerca de uma semana, precisamente 31 dias depois de apresentarmos queixa na Comissão Europeia contra práticas concorrenciais da Google», explica Paulo Trezentos.
Nos dias que se seguiram, a Aptoide apelou junto da Google para que procedesse a um revisão da decisão de bloqueio da conta de publicidade que é hoje a principal fonte de receita da startup portuguesa, mas a resposta foi negativa. E aparentemente irreversível.
«A Google alega que a Aptoide está a promover a violação de direitos de autor, mas recusa indicar os casos em que, alegadamente, estamos a promover a violação dos direitos de autor», declara Paulo Trezentos.
Na Aptoide, já foi ativado o “plano B”, que começou a ser delineado desde o início deste negócio que tem como objetivo desenvolver ferramentas que facilitam a produção de lojas de apps para o sistema operativo Android – e que são potenciais concorrentes da Play da Google. Por mês, o serviço AdWords rende à Aptoide uma média de 40 mil euros.
O bloqueio da conta da Aptoide acabou por ditar a retenção de cerca de 60 mil euros nos cofres da Google.
A Aptoide tinha duas formas de contrariar o bloqueio da conta AdWords: 1) ou solicitava uma providência cautelar que os termos contratuais num tribunal de Santa Clara, Califórnia; 2) ou juntava mais uma queixa ao processo que descreve, junto da Comissão Europeia, as quatro práticas anti-concorrenciais que, alegadamente, são praticadas pela Google e poderão estar a impedir empresas como a Aptoide de vender apps na Play ou a parte dos smartphones que correm Android. A empresa portuguesa acabou por optar pela segunda hipótese.
«Desde o início que temos definido plano operacional e financeiro alternativo… se não tivéssemos tido esse cuidados, este corte de receitas teria produzido efeitos muito negativos», conclui Paulo Trezentos.
De acordo com Paulo Trezentos, a Aptoide terá atualmente dois a três por cento do mercado de apps a nível mundial. A empresa tem como objetivo chegar, a médio prazo, a uma quota de 10% do mercado mundial das apps para Android.