O Institute for Public Policy Research (IPPR) do Reino Unido revelou um estudo no qual conclui que a Inteligência Artificial já está a mudar a sociedade como a conhecemos. Milhares de britânicos estão a recorrer a aplicações como a Character.AI ou a Replika para terem acesso a ‘namoros’ potenciadas por Inteligência Artificial. Só na primeira estão registados mais de 930 mil cidadãos britânicos que podem criar as suas personagens com base em modelos predefinidos, como ‘Namorado Popular’, ‘Namorado Abusivo’ ou ‘Namorado Mafioso’ e manter um relacionamento com um parceiro virtual.
A organização alerta que “embora estas companhias possam fornecer apoio emocional, também trazem riscos de adição e potencialmente impactos psicológicos de longo prazo, especialmente para os mais jovens”, cita o The Telegraph.
Em todo o mundo, a Replika conta com 30 milhões de utilizadores, enquanto a Character.AI tem 20 milhões, a maior parte pertencente à Gen Z. Esta última plataforma foi processada no ano passado por uma mãe cujo filho de 14 anos se suicidou depois de ter passado horas a falar com um destes chatbots. Desde então, a empresa reforçou os controlos parentais, mas o caso ainda prossegue em tribunal.
O estudo revela ainda que este tipo de comportamentos, de procurar companhia em assistentes virtuais, agravou-se nos últimos tempos, com as pessoas a isolarem-se cada vez mais. A Campaign to End Loneliness descobriu que 7,1% da população na Grã-Bretanha sofria de ‘solidão crónica’, o que equivale a dizer que se sentem sós “muitas vezes ou sempre”, um número acima dos 6% registados em 2020.
O relatório da IPPR pede que seja conduzido um debate na sociedade onde se definam o tipo de interações que se pretende que os assistentes virtuais com IA mantenham com os utilizadores humanos. “A tecnologia IA pode ter um impacto sísmico na economia e na sociedade: vai transformar trabalhos, destruir antigos, criar novos e fomentar o desenvolvimento de novos produtos e serviços e permitir-nos fazer coisas que não podíamos fazer antes. Dado o seu imenso potencial para a mudança, é importante orientarmos a solução para nos ajudar a resolver grandes problemas da sociedade”, conta Carsten Jung, do IPPR.