O serviço Facebook Messenger vai começar a enviar alertas aos utilizadores sempre que detetar tentativas de burlas, assédio de menores ou outras atividades suspeitas nas conversas – e sem que seja preciso ler o conteúdo destas. A tecnológica vai recorrer à análise de metadados para enviar mensagens de aviso aos utilizadores sempre que forem detetadas situações suspeitas. O mecanismo também vai funcionar em mensagens encriptadas ponto-a-ponto.
“Estou entusiasmado por anunciar uma nova funcionalidade de segurança que vai ajudar milhões de pessoas a evitar potenciais interações maliciosas e possíveis burlas sem comprometer a sua privacidade”, sublinha Jay Sullivan, diretor de privacidade e segurança da plataforma Facebook Messenger, em comunicado.
Esta funcionalidade já tinha começado a ser disponibilizada em março para os utilizadores do sistema operativo Android, mas só agora, com a chegada ao iOS, é que foi feita a divulgação. A ferramenta, que vai funcionar através de janelas pop-up, tem como objetivo ajudar os utilizadores a identificarem atividades suspeitas, a bloquear ou a ignorar um perfil que, segundo a análise do Facebook, merece cuidado na interação do utilizador.
O facto de a Facebook usar metadados – que neste caso são informações como quem são as pessoas que estão naquela conversa, quando estão a ser enviadas as mensagens e com que frequência, entre outros atributos que a tecnológica não revela por motivos de segurança – para criar os alertas, permite que o sistema também seja aplicado à troca de mensagens encriptadas que é possível fazer no Messenger através da funcionalidade “Conversas secretas” [que está desativada por definição].
“À medida que passamos para uma encriptação ponto-a-ponto, estamos a investir em ferramentas como esta que preservam a privacidade para manter as pessoas seguras sem aceder aos conteúdos das mensagens. Desenvolvemos estas dicas de segurança com ferramentas de aprendizagem automática que olham para sinais de comportamento, como um adulto enviar um grande número de pedidos de amizade ou mensagens para pessoas abaixo dos 18 anos”, explica ainda Jay Sullivan.
A Facebook diz também estar a trabalhar com outras entidades, como o Instituto de Segurança Familiar Online dos EUA, para que esta ferramenta possa ajudar sobretudo os menores vítimas de assédio.
Além de disponibilizar uma nova ferramenta de segurança para os utilizadores, a tecnológica norte-americana também ‘sacode’ parte da pressão que tem sido colocada sobre a Facebook por alguns governos, nomeadamente dos EUA e do Reino Unido, para que não torne o serviço Messenger totalmente encriptado – um objetivo com o qual a Facebook já se comprometeu e que volta a ser reforçado neste novo anúncio.
Em novembro de 2019, numa passagem por Lisboa, Jay Sullivan disse claramente que a Facebook nunca criaria uma porta de entrada (backdoor) para as forças de segurança como está a ser pedido à maior rede social do mundo: “Não podes dar acesso aos bons sem dar aos maus», salientou na época.
A grande pressão em torno do tema de privacidade e da encriptação também já levou o WhatsApp, detido pelo Facebook, a dizer que “ter uma encriptação forte é uma necessidade na vida moderna“, e, mais recentemente, devido a um projeto de lei polémico que pode levar à limitação das tecnologias de encriptação nos EUA, foi a aplicação de mensagens Signal que ameaçou sair daquele mercado.