O Facebook e o WhatsApp vão ter de partilhar mensagens encriptadas de terroristas, pedófilos e autores de crimes considerados como graves com as forças de segurança britânicas. A obrigação faz parte de um acordo de cooperação que deverá ser assinado entre o Reino Unido e os EUA no mês de outubro, escreve a publicação The Times of London.
Segundo a notícia, este acordo é o culminar de um processo que dura há quatro anos e durante o qual o Reino Unido tem feito pressão para que as tecnológicas que gerem serviços encriptados forneçam dados às autoridades.
O que ainda não é certo é como será feita a partilha desta informação. Se o Facebook e o WhatsApp entregarem as mensagens encriptadas, estarão, na prática, a entregar informação inutilizável – pois nem as próprias tecnológicas conseguem saber o conteúdo das mensagens.
Em alternativa, o Facebook pode ser obrigado a criar uma “porta de entrada” no software dos serviços que permita às autoridades acederem às informações trocadas pelos suspeitos dos crimes. Mas, neste caso, a mesma “porta” ficaria disponível para ser explorada por piratas informáticos, o que coloca em causa a privacidade dos mais de mil milhões de utilizadores destas plataformas.
O Facebook já se mostrou contra o acordo. «Opomo-nos a tentativas do governo de construir formas de acesso [nos serviços] que minariam a privacidade e segurança dos nossos utilizadores», começa por sublinhar a tecnológica em resposta à Bloomberg. «Políticas governamentais como o Cloud Act permitem às empresas providenciar informação sempre que são feitos pedidos legais válidos e não exigem que as empresas criem formas de acesso», acrescentou.
Ainda segundo a informação avançada durante o fim de semana, o acordo também estabelece que o Reino Unido não pode investigar cidadãos norte-americanos e os EUA não podem investigar cidadãos britânicos.
A notícia de obrigação de partilha de mensagens encriptadas surge poucos meses após a secretária de Estado para os Assuntos Internos do Reino Unido ter criticado publicamente a aposta em serviços de encriptação por parte dos gigantes tecnológicos, em especial o Facebook.