A Meo elevou hoje a fasquia dos serviços de Internet domésticos com um pacote comercial com largura de banda de 1000 Mbps (1 Gbps contém 1000 Mbps) sobre rede de fibra ótica. A nova velocidade de acesso à Net estreia hoje integrada nos típicos pacotes comerciais, com preços a partir 44,99 euros. O lançamento da nova velocidade foi acompanhado da estreia de uma Fiber Gateway que, além de TV analógica, conexões para dois telefones e quatro portas ethernet, distingue-se por permitir chegar a velocidades de 1,73 Gbps no Wi-Fi. O que, nas contas da Meo, é 10 vezes mais que a velocidade disponibilizada pelos routers ou gateways Wi-fi existentes nas casas dos consumidores portugueses.
A nova gateway (vulgarmente, conhecida por router pelos utilizadores) vai ser distribuída sem custos acrescidos para os consumidores que enveredam pelas novas velocidades da rede de fibra da Meo. Os consumidores que pretendem adotar estas gateways, mas não querem mudar de tarifário na rede fixa, deverão pagar uma mensalidade de 4,99 euros.
Na conferência de imprensa realizada na manhã de quinta-feira, Alexandre Fonseca, diretor de Tecnologias da Meo, não desperdiçou a oportunidade de enaltecer a vertente made in Portugal da nova gateway: «Com exceção do CPU, tudo foi desenvolvido, produzido e inventado em Aveiro a partir de uma folha em branco». E acrescentou: «Até o enchimento de plástico da caixa foi produzido por uma empresa da zona centro do País».
A nova Fiber Gateway foi apresentada ao público um dia depois de receber a certificação da Wi-Fi Alliance. O dispositivo tem como principal característica diferenciadora o facto de representar uma estreia da norma 802.11 ac Wave2, que permite um considerável aumento da largura de banda das redes Wi-Fi. A estas novidades junta-se a inclusão de quatro antenas que operam a 5 GHz que estão aptas a comunicar com quatro dispositivos em simultâneo. O processador da Fiber Gateway também está preparado para um incremento de potência, que permitirá ao sinal de Wi-Fi chegar mais longe ou superar paredes e outro tipo de barreiras.
Durante a conferência de imprensa, a Meo mostrou como a nova gateway está apta a disponibilizar larguras de banda 10 vezes maiores que aquelas que são alcançadas pelos routers que operam a 2,4 GHz (que serão a maioria no segmento doméstico). Na comparação com gateways que já operam com 5GHz, mas usam normas mais antigas, o novo equipamento da Meo também se destacou por larga margem.
O caráter inovador da gateway desenvolvida pelos Altice Labs, de Aveiro, já permitiu abrir as portas do mercado dos EUA (a nova gateway tem vindo a ser comercializada pela participada da Altice em Terras do Tio Sam), mas paradoxalmente, poderá tornar-se um dos principais desafios a superar nos tempos mais próximos. Os responsáveis da Meo sabem que muitos telemóveis, computadores ou tablets não dispõem das quatro antenas necessárias para obter a velocidade máxima prometida nas comunicações com a nova gateway, mas também lembram que o mercado não parou de evoluir e que «cada vez mais há equipamentos que têm como mínimo as quatro antenas… e no futuro haverá com oito antenas como mínimo».
Não é a primeira vez que a Altice, empresa que detém a marca Meo e que em breve deverá assumir-se como principal denominação comercial, lança uma Fiber Gateway no mercado. Antes do mais recente modelo, que funciona com qualquer tecnologia de rede fibra ótica, a operadora recorreu aos laboratórios que mantém em Aveiro, para desenhar um equipamento semelhante, mas com requisitos técnicos diferentes. Será que a operadora vai passar a concorrer com algumas das principais marcas mundiais no segmento de gateways e routers?
Alexandre Fonseca recorda que, ao longo dos anos, a Meo tem vindo a desenvolver vários equipamentos de rede e tem nas páginas mais recentes currículo o pioneirismo de tecnologias como NGPON2, mas prefere não fornecer muitos detalhes sobre a forma como a operadora vai abordar o segmento dos terminais domésticos: «Uma vez que está certificado, qualquer operador de qualquer mercado pode usar (a Fiber Gateway)».
A nova Fiber Gateway pode concentrar as atenções dos adeptos das tecnologias, mas não esgotou as estreias da Meo na manhã de quinta-feira. Claudia Goya, a recém-empossada CEO da operadora, estreou-se em conferências com o novo cargo para assinalar um marco: a Meo tem hoje mais de quatro milhões de casas que, caso haja vontade dos consumidores, podem ter fibra ótica.
A nova CEO, que hoje é provavelmente a mulher com um cargo de gestão de maior responsabilidade numa grande empresa portuguesa, lembrou que a Meo ainda não pode se pode dar por satisfeita, uma vez que a meta é está fixada em 5,3 milhões de casas com acesso a fibra ótica em 2020. «Temos o propósito de ser um player digital que é líder e está focado na convergência, nos conteúdos e no advertising», prometeu a executiva, apontando para o futuro.