Até há pouco tempo a Mt. Gox era a maior casa de câmbios dedicada às bitcoins. Hoje, ninguém sabe o que lhe aconteceu ao certo: O endereço deixou de aceitar transações e, na Internet, não faltam teses e rumores sobre o assunto. O New York Times garante que foi pedida falência. O site da Mt. Gox não desmente o pedido de falência, e apenas indica que parou com as transações por tempo indefinido, e até conseguir regularizar as o o funcionamento do site das transações levadas a cabo pelos vários clientes.
A Reuters dá conta de duas pistas que poderão ajudar a perceber a inoperacionalidade da famosa casa de câmbios sedeada em Tóquio: 1) um dos rumores relaciona o desaparecimento da Mt. Gox com uma falha de segurança que terá permitido um desfalque de 744 mil bitcoins (cerca de 272,304 milhões de euros, se a cotação estiver fixada em 366 euros por cada bitcoin); 2) há uma segunda versão que tem por base documentos que circulam na Internet e que revelam que a Mt. Gox terá cerca de 174 milhões de dólares de dívidas, apesar de apenas apresentar bens avaliados em 32,75 milhões de dólares.
Só Mark Karpeles, o líder da Mt. Gox, poderá dizer se algumas destas versões da história coincide com a realidade… Acontece que Mark Karpeles está em paradeiro incerto. Não atende telefones, não responde a e-mails e, a caixa de correio do seu refinado apartamento, no não menos refinado bairro de Shibuia, em Tóquio, está atafulhada de cartas. O que pode ser um indício de que Karpeles não tem passado as noites em casa – e eventualmente não tenciona regressar tão cedo.
Para quem investiu em bitcoins ou tinha contas a acertar com a Mt. Gox o panorama não é animador: e por isso esta manhã meia dúzia de investidores juntaram-se frente à sede da casa de em sinal de protesto pelas perdas derivadas da aquisição da famosa moeda digital. Neste míni-protesto, houve quem empunhasse cartazes a questionar a liquidez da Mt.Gox e a exigir o dinheiro de volta.
O inoperacionalidade da Mt. Gox e o desaparecimento do respetivo proprietário podem ser apenas mais um episódio num percurso com vários altos e baixos – e que, no passado fim de semana, teve como epílogo a saída do CEO da Mt. Gox da administração da Bitcoin Foundation.
Sendo a Mt. Gox um dos pilares históricos da ascensão das bitcoins, as casas de câmbio concorrentes não tardaram a reagir: «A trágica perda de confiança dos utilizadores do Mt. GOx resulta apenas das ações de uma única companhia e não pode ser encarada como um reflexo da resiliência do valor das bitcoins e das moedas digitais no seu todo», refere um comunicado conjunto de casas de câmbios Coinbase, Kraken, Bitstamp, BTC China, Blockchain e Circle.
O mesmo comunicado não hesita em considerar que, à semelhança do que acontece em qualquer área de negócios, «há sempre alguns intervenientes mal comportados, que precisam de ser afastados e foi isso que vimos acontecer hoje (com o desaparecimento da Mt. Gox)».
Em paradeiro incerto e acossado por investidores e concorrentes que o responsabilizam de pôr em risco a segurança do ecossistema bitcoin, Karpeles terá de encontrar uma boa justificação, e eventualmente um pé-de-meia avultado, antes de voltar a dar a cara perante o mercado.
Uma coisa é certa: desfecho conhecido hoje parece não bater certo com as últimas palavras que Karpeles tornou públicas após uma entrevista da Reuters: «Sabemos que há todo o tipo de críticas contra a Mt. Gox, mas acreditamos que estamos a fazer tudo o que podemos para resolver estes problemas o mais rapidamente possível, tendo sempre em conta os nossos clientes».