A App Store, da Apple, decidiu proceder à remoção da aplicação I Sea, depois de ter concluído que se trata de um embuste. Na segunda-feira passada, a app teve o primeiro – e talvez o último – momento de glória ao ganhar uma medalha de bronze no prestigiado festival de publicidade de Leões de Cannes de 2016.
A I Sea propunha-se a disponibilizar uma ferramenta que facilitava a localização de embarcações de refugiados no Mediterrâneo através de imagens de satélite. A aplicação deveria proceder à análise das imagens em tempo real e encaminhar informação para a Estação de Ajuda a Migrantes Fora de Costa (Moas) que está sedeada em Malta. Só que o resultado final que foi apresentado pela app assume contornos de fraude: na app não era possível aceder a nenhum imagem captada por satélite – apenas estava disponível uma imagem estática do mar, refere o The Guardian.
Não seria a primeira vez que um protótipo recebe prémios em festivais de publicidade – mas neste caso, foi a desconfiança de vários programadores, que pretendiam conhecer a fundo a solução, que acabou por revelar uma app que nem na fase de protótipo se encontrava: talvez desconfiado pela capacidade de uma agência de publicidade para desenvolver uma solução tecnologicamente exigente, SecuriTay, um utilizador do Twitter convocou vários internautas, para analisarem a I Sea. E foi assim que a multidão de participantes se deparou com dois factos intrigantes: 1) a app apresentava sempre as mesmas coordenadas aos utilizadores; 2) a página de registo estava preparada para dar sempre erro no momento de registo de utilizador (aparecia sempre a mensagem que alertava para o uso de um passwords e nomes inválidos).
O Grey Group que criou a app ainda não quebrou o silêncio, mas a Moas já deu a conhecer a situação desagradável em que indiretamente acabou por ser envolvida: «Estamos desapontados por descobrir que não estavam a ser usadas imagens captadas em tempo real. Desde então pusemos fim à nossa relação com o Grey for Good, e tivemos uma conversa franca sobre o desapontamento que foi gerado perante os média».