Os portugueses que compraram um iPhone durante o segundo trimestre – período marcado por uma fase de confinamento obrigatório e por outras consequências, incluindo económicas, devido à pandemia – gastaram, em média, 737 euros por smartphone. Este valor coloca a Apple no topo do preço médio de venda em Portugal e muito distante do valor médio global do mercado – que entre abril e julho foi de 291 euros, menos 16% face aos 346 euros registados em igual período de 2019.
Este valor vem confirmar aquele que foi um trimestre muito positivo para a Apple no mercado português: a venda de smartphones, no geral, caiu 15%; a Samsung e a Huawei caíram, respetivamente, 19% e 40%; já a tecnológica americana aumentou as vendas em 15%, quando comparado com igual período de 2019, para um total de 75 mil unidades comercializadas.
“A fabricante à qual é mais difícil roubar quota de mercado é a Apple”, explica Francisco Jerónimo, analista principal da consultora IDC, em entrevista à Exame Informática. E há três motivos que ajudam a explicar o crescimento da empresa em contraciclo com a tendência do mercado: um smartphone mais barato anunciado em plena pandemia; a forte reputação que a marca tem; e o facto de muitas lojas de eletrónica terem estado fechadas durante semanas.
“Quando [o consumidor] tem capacidade de comprar um telefone de gama alta, compra a marca que melhor conhece”, começa por detalhar o analista. “Não quer dizer que não existam melhores smartphones Android, porque os há, mas a Apple é uma marca forte, considerada de luxo e com produtos de qualidade. Também é reconhecida a qualidade do serviço pós-venda. Quem investir num telefone para mais tempo, compra uma marca na qual reconhece qualidade. A Apple em termos de força de marca está acima das outras marcas”, detalha o responsável da IDC.
Esta força de marca que a Apple tem traduziu-se, inclusive, num novo recorde no mercado português: no primeiro trimestre do ano, a marca da maçã estabeleceu um novo valor máximo para o preço médio de venda por smartphone, que se situou nos 823 euros.
Já no período de pandemia, o iPhone 11, que representou 36% das vendas, e o novo iPhone SE, que contribuiu para 21% das vendas, foram os ‘motores’ que permitiram à tecnológica norte-americana aumentar as vendas, assim como manter um preço médio muito, muito acima da média do restante mercado.
E segundo a análise de Francisco Jerónimo, a Apple beneficiou ao mesmo tempo do encerramento das lojas de eletrónica de consumo, pois em Portugal “uma percentagem significativa de compra dos produtos é feita no ponto de venda”, lojas estas nas quais marcas como a Samsung e a Huawei têm habitualmente uma presença muito forte. “As vendas dos topos de gama das outras marcas acabaram por ser prejudicadas porque os clientes não podiam experimentar [os smartphones]”.