Nova Iorque, Calcutá e Xangai são algumas das cidades que podem vir a desaparecer quando o glaciar Thwaites acabar de derreter. A conclusão é de uma equipa de cem investigadores que, ao longo de seis anos, esteve a estudar a massa de gelo conhecida como “glaciar do juízo final”: além da subida do nível dos mares em 65 centímetros, o degelo do Thwaites vai contribuir para acelerar o degelo da região oeste da Antártida, levando a uma posterior subida do nível da água de 3,3 metros e arrasando as cidades referidas, entre outras.
A equipa investigadores do Reino Unido e dos EUA reunida na ITGC (de International Thwaites Glacier Collaboration) usou aviões, navios e robôs submarinos para conseguir entender as dinâmicas deste glaciar. Os cientistas concluem que o glaciar é particularmente vulnerável por se encontrar num leito de rocha abaixo do nível do mar e por estar a ser derretido por baixo devido à água do mar mais quente. Com uma inclinação para o interior do corpo de gelo, quanto mais o glaciar ‘recua’, mais gelo é exposto à água quente e o degelo é acelerado, avança a New Scientist.
“O leito é cada vez mais profundo (…) sabemos que é instável (…) quase todos os cenários de emissões de dióxido de carbono conduzem a esta instabilidade”, conta Mathieu Morlighem, cientista que faz parte da ITGC. “Não vai conduzir instantaneamente a um recuo catastrófico no próximo ano ou depois, mas, ao mesmo tempo, estamos muito seguros de que o Thwaites vai continuar a recuar e que o recuo vai acelerar (…) Não conseguimos colocar uma data específica nisso”, revela Rob Larter da British Antarctic Survey.
Os investigadores estimam que no fim do século XXIII o Thwaites e muito do gelo da Antártida Oeste já terão derretido e recomendam a implementação de medidas drásticas para reduzir as emissões de carbono para tentar ganhar tempo: “temos de controlar quão rapidamente o Thwaites está a perder massa”.