Atualmente várias abordagens na área das interfaces cérebro-computador requerem procedimentos invasivos. Veja-se, por exemplo, o caso dos implantes da Neuralink de Elon Musk. Por outro lado, empresas como a Synchron estão a apostar em abordagens um pouco menos invasivas e que não requerem cirurgias de cérebro aberto.
Os investigadores da CMU defendem que é precisamente por esta ser uma tecnologia não invasiva que “pode ter vantagens, e fazer a diferença quando comparada com chips de outras empresas”, como a Neuralink ou a Synchron. Entre elas contam-se “mais segurança, uma maior economia de custos e capacidade de serem usados por inúmeros pacientes, bem como pela população em geral”, explica a equipa.
As interfaces cérebro-computador não invasivas registam dados através de sensores externos. Uma vez que não estão em contacto direto com o cérebro, qualquer perturbação exterior pode afetar a sua função e precisão.
No entanto, os investigadores da investigadores da CMU afirmam que redes neurais avançadas e baseadas em inteligência artificial podem resolver este problema. No estudo, publicado no jornal científico PNAS Nexus, 28 participantes foram capazes de acompanhar continuamente um objeto virtual num ecrã através dos próprios pensamentos.
Os autores do estudo indicam que a rede neural desenvolvida foi capaz de entender o que os participantes queriam fazer com os objetos apresentados, analisando apenas os dados registados pela interface cérebro-computador.
Segundo Bin He, professor de engenharia biomédica na universidade norte-americana e um dos principais autores do estudo, a equipa tenciona agora perceber como é que a tecnologia desenvolvida pode ajudar pessoas com deficiências motoras.
Esta não é a primeira vez que os autores do estudo mostram o potencial da interface cérebro-computador não invasiva. Como aponta o website Interesting Engineering, em 2019, os investigadores usaram uma abordagem semelhante, possibilitando que um braço robótico controlado pela mente seguisse o cursor de um computador.