No fim da semana passado, foi notícia o anúncio de Elon Musk de que a Neuralink se preparava para obter autorizações dos reguladores para testar implantes no cérebro de humanos. O dispositivo visa ajudar pacientes paralisados a voltar a andar e curar outras doenças do foro neurológico, servindo de interface entre o cérebro e um computador. Agora, surgem relatos de que as autoridades federais dos EUA estão a investigar as condições em que foi feito o desenvolvimento deste chip, focando a atenção na crueldade e sofrimento desnecessário aplicado aos mais 1500 animais durante os testes.
A investigação, que tinha sido mantida em segredo, foi desencadeada por denúncias dos trabalhadores da empresa e está em causa o cumprimento do Animal Welfare Act, que regula a forma como os investigadores tratam animais e conduzem os testes.
A Reuters teve acesso a documentos internos da empresa e entrevistou mais de 20 trabalhadores e ex-trabalhadores da Neuralink, encontrando denúncias de que a pressão de Musk para acelerar o desenvolvimento conduziu a experiências falhadas, obrigou a que os testes tivessem de ser repetidos e aumentou o número de animais testados e mortos. Os documentos incluem mensagens escritas, gravações de áudio, emails, apresentações e relatórios.
De acordo com os números divulgados agora, a Neuralink matou cerca de 1500 animais neste processo, incluindo mais de 280 ovelhas, porcos e macacos, desde 2018. Apesar de o número parecer elevado, este não é automaticamente sinónimo de maus-tratos ou de violação de qualquer regulamento. Muitas vezes, as cobaias que foram sujeitas a testes acabam por ser mortas para análises post-mortem. Os empregados da empresa, no entanto, denunciam que o número de animais mortos é mais alto do que seria necessário devido às exigências de Musk para apressar o processo.
O calendário apertado, a falta de tempo de preparação e o excesso de stress nos trabalhadores são alguns dos motivos apontados para alguns testes terem corrido mal e obrigado à repetição das experiências. Uma das fontes ouvidas conta que Musk dizia aos empregados para imaginar que tinham uma bomba presa na cabeça, num esforço para os apressar.
Leia o artigo completo publicado no The Guardian. Nem as autoridades dos EUA, nem a Neuralink comentaram ainda o tema.