“O voo dos insetos é, sem dúvida, o mais bem sucedido [do reino animal] que está por aqui há milhares de milhões de anos e que levou a um grande número de espécies. Assim, é um dos principais exemplos de inovação chave na evolução”, conta Simon Sponberg, professor na Georgia Tech, para justificar o interesse neste domínio. A equipa deste académico está a aplicar o que está a aprender sobre o voo dos insetos para criar robôs que replicam dois modos de voo diferentes, entre os que batem as duas asas ao mesmo tempo e os que as batem de forma alternada.
Os insetos são capazes de voar sincronizadamente, com as duas asas ao mesmo tempo, com um sistema nervoso central a tomar controlo completo sobre a operação ou de forma assíncrona, com uma asa a bater de cada vez, de uma forma muito mais rápida do que o cérebro consegue processar e controlar. Neste último modo, há uma ativação especial atrasada dos músculos responsáveis pelo voo: “nestes casos, o cérebro basicamente diz ‘vai’ e os músculos tomam conta, e por causa desta propriedade especial, vibram realmente rápido” chegando a bater 800 vezes por segundo, como as asas do mosquito, diz Sponberg.
A equipa está particularmente interessada nos voos assíncronos: “mostramos que estes voos ultrarrápidos nestes quatro grupos [mosquitos, abelhas, escaravelhos e insetos] provavelmente partilham uma origem evolucionária única – têm um antecessor comum que era ultrarrápido e não se desenvolveram de forma independente”, com Sponberg a contar ao ArsTechnica que mesmo as espécies que voam sincronizadamente (e com bater de asas mais lento) provavelmente evoluíram a partir daqui.
“A nossa teoria é de que este tipo de músculo ultrarrápido se perdeu nestes grupos. Dentro de alguns destes grupos de insetos, houve repetidas transições entre os dois modos de voo. Acreditamos que ainda têm vestígios de uma extensão de ativação presente nos seu sistemas”.
Para aprofundar os seus conhecimentos sobre os voos e os movimentos, os investigadores desenvolveram dois robôs que batem asas e que são capazes de voos síncronos por natureza, mas que conseguem ativar voos assíncronos também. A investigação sugere que as duas estratégias de voo podem, na verdade, estar presentes nos insetos e esse conhecimento é útil para desenvolver robôs mais versáteis, que conseguem parar automaticamente no caso de encontrarem um obstáculo.