Autocarros, aviões, carruagens do alfa pendular e até um carrinho de bebé. Há de tudo em exposição por cima dos armários e secretárias no escritório da AlmaDesign, em Paço de Arcos. Tudo em miniatura, claro! Por melhores e mais realistas que sejam os programas de desenho assistido por computador, um projeto de design só está mesmo acabado quando do laboratório da empresa saem os modelos e se testam verdadeiramente os encaixes e a funcionalidade de cada peça. Daqui a algum tempo, a aeronave híbrido-elétrica da União Europeia também terá ali o seu lugar. Apresentada no início do ano, a HERA – de Arquitetura Regional Híbrido-Elétrico – representa o futuro do setor da aviação, que a Europa quer escrever em tons de verde.
Os números do projeto, integrado no programa Clean Aviation, deixam bem claro que esta ideia de andar de avião sem contribuir para o aquecimento do Planeta está a ser levada muito a sério: 35 milhões de euros, 48 parceiros que deverão entregar até 2035 uma aeronave com sistema de propulsão híbrido-elétrica, com baterias ou células de combustível, e uma componente térmica alimentada a SAF (combustível sustentável) ou hidrogénio. Mais do que os números, há um facto muito curioso que evidencia a particularidade do projeto. A coordenação está a cargo do fabricante italiano Leonardo, mas o “rival” francês Airbus também integra a lista participantes, que inclui a Rolls-Royce, a Siemens, Thales ou a Fraunhoffer. “Nesta fase trata-se ainda de explorar os princípios de funcionamento dos sistemas de propulsão e armazenamento de energia”, sublinha o fundador e CEO da Alma, José Rui Marcelino, um dos três participantes portugueses, a que se juntam o ISQ e o INEGI. “Está a ser feito um esforço gigante no desenvolvimento de várias tecnologias de descarbonização”, sublinha.
Há uma grande mobilização à volta deste projeto. Será disruptivo
Nelson Matos