Já sabemos que a adolescência é uma fase turbulenta, em que coexistem todas as certezas e também todas as dúvidas. Dito isto, não é de menosprezar a conclusão de um estudo publicado esta semana na revista Frontiers in Psychology, segundo o qual 41% dos adolescentes não foi capaz de distinguir entre notícias de saúde verdadeiras e falsas.
No trabalho, coordenado por uma equipa da Universidade Comenius, em Bratislava, Eslováquia, 300 estudantes do ensino secundário (com idades entre os 16 e os 19 anos) foram confrontados com sete mensagens curtas, acerca dos efeitos promotores de saúde de diferentes frutas e vegetais. Estas mensagens eram em três tipos de teor: falsas, verdadeiras e neutrais e verdadeiras com elementos editoriais, como sejam o uso de superlativos, clickbait, erros gramaticais. A partir daí, cada participante teve de avaliar a fiabilidade das mensagens, descreve o site Eurekalert, sendo que 48% dos jovens confiou mais nas mensagens verdadeiras apresentadas de forma neutra do que nas falsas, sendo que, no entanto, 41% considerou igualmente fiáveis as notícias falsas e as verdadeiras neutrais e 11% avaliou estas últimas como sendo menos fidedignas do que as falsas notícias de saúde.
Os autores do trabalho sublinham que investigação prévia mostrou que as notícias de saúde publicadas online são na sua maioria incompletas e imprecisas, com informação errada potencialmente prejudiciais. “Houve uma explosão de desinformação na área da saúde durante a pandemia de Covid-19”, sublinha o investigador principal Radomír Masaryk, mas até agora a maior parte dos trabalhos académicos sobre a credibilidade noticiosa tinha-se focado nos adultos.
Uma vez que se trata de uma população de ‘nativos digitais’, havia a expectativa de que os adolescentes tivessem já mais ferramentas para destrinçar o trigo do joio. O que não veio a verificar-se, sendo que, como se sublinha, nem o facto de os textos estarem redigidos em linguagem incorreta funcionou como sinal de alerta.
“A única versão de uma mensagem de saúde que foi significativamente tida como menos fiável foi uma que tinha um título clickbait”, destacou Masaryk. Os autores do trabalho terminam com a recomendação de que haja um maior foco na literacia em saúde e na literacia para os media junto desta população.