Dados de cartão de crédito, registos de saúde, emails, todo este manancial de informação, pessoal e privada, está à mercê de pessoas mal-intencionadas, como se percebe facilmente pelas sucessivas notícias de ataques. E isto só tende a piorar, com a chegada dos computadores quânticos, que já não estão tão distantes assim, e que serão capazes de, em menos de nada, descodificar os códigos de acesso aos dados. “Os protocolos criptográficos atuais não são robustos à computação quântica”, alerta Armando Pinto, investigador do grupo de Comunicação Quântica Ótica do Instituto de Telecomunicações e professor na Universidade de Aveiro.
O problema é mais grave nos sistemas que se baseiam em cifras assimétricas, aquelas que são fechadas com uma chave privada, como acontece no cartão do cidadão, por exemplo. “Tudo isto morre assim que houver computação quântica. O sistema bancário cai”, complementa Ricardo Chaves, professor no Instituto Superior Técnico e investigador no INESC-ID. Mesmo os sistemas baseados em chaves simétricas, em que para a mensagem poder ser lida ambos os pontos, emissor e recetor, têm de ter a mesma chave, ficarão “enfraquecidos”. Se é da quântica que vem o problema, também é da quântica que virá a solução. O normal, hoje em dia, é os dados sensíveis serem encriptados e depois enviados através decabos de fibra ótica, ou outros canais, juntamente com as chaves necessárias à descodificação da informação. “Os dados e a chave são enviados como bits clássicos –um fluxo de impulsos elétricos ou óticos que representam zeros e uns. E isto torna-os vulneráveis a hackers que conseguem ler e copiar os bits em trânsito, sem deixar rasto”, explica-se na revista MIT Technology Review.