Uma equipa internacional de cientistas recorreu às observações de 2004 da missão Magellan da NASA e verificou que a superfície de Vénus tem um manto gelatinoso com pedaços sólidos de crosta a flutuar e a movimentarem-se como blocos de gelo. Os investigadores acreditam que a atividade geológica que os faz mover-se ainda se verifique nos dias de hoje, fornecendo possíveis indicações sobre a origem da Terra e de outros planetas e contrariando a teoria de que o planeta seria um bloco sólido como a Lua.
A existência de placas tectónicas faz parte do ciclo de carbono de um planeta e é uma importante peça no sistema que permite a existência de vida. Na Terra, por exemplo, a configuração deste ciclo alterou-se com o passar do tempo e a temperatura à superfície arrefeceu ao longo de milhões de anos. Os investigadores esperam agora conseguir analisar a atividade tectónica em Vénus e obter pistas sobre como será o ambiente em planetas mais ‘jovens’.
Naquele planeta, os cientistas teorizam sobre a existência de um manto flutuante: “as placas tectónicas na Terra são conduzidas por convecção do manto. O manto é quente ou frio em diferentes locais, move-se, e algum desse movimento transfere-se para superfície sob a forma de movimentos das placas”, explica Paul Byrne, professor na Universidade da Carolina do Norte que liderou este estudo.
“O fluxo de calor da Terra jovem era até três vezes superior ao de hoje, pelo que a sua litosfera pode ter sido semelhante ao que vemos em Vénus: não espesso o suficiente para remover as placas, mas espesso o suficiente para ter blocos fragmentados que se movimentam e balançam”, continua Byrne.
Estão previstas agora três novas missões da NASA e da ESA que preveem observações inéditas de Vénus e que potencialmente irão trazer nova luz sobre o entendimento atual do planeta.