O processo dá pelo nome de sílica fundida – e se as expectativas da Microsoft não saírem goradas, nos próximos anos, pode muito bem ser uma alternativa a ter em conta para os sistemas de armazenamento de dados, e também para uma nova funcionalidade para o milenar vidro. Usando pedaços de vidro com espessura de dois milímetros e as dimensões similares às de um post-it, investigadores da Microsoft confirmaram a viabilidade de uma tecnologia que tem por base a inserção de dados no vidro através de pulsos de laser, ao gravar um filme do Super-Homem da década de 1970. Nas provas de conceito mais ambiciosas, os especialistas da Microsoft já lograram armazenar 360 TB numa superfície de vidro similar à de um DVD, noticia a IEEE Spectrum.
O armazenamento de dados desenvolvido pelo denominado Project Silica recorre a lasers, que emitem pulsos a velocidades de femtossegundos (1 segundo = 1.000.000.000.000.000 femtossegundos) sobre sílica fundida – um material que pode ser descrito como um vidro com elevado grau de pureza.
Com a incisão dos laseres, são geradas deformações em múltiplos pontos do vidro. Cada uma dessas deformações dá pelo nome de voxel, que permite armazenar dados tirando partido da tridimensionalidade. A informação é inserida em cada um destes voxeis com base no retardamento gerado pela resistência do vidro aos pulsos de laser e também no ângulo de incidência de cada um dos pulsos de laser.
De acordo com a Microsoft, já foi possível demonstrar em laboratório provas de conceito com pedaços de vidro com centenas de camadas de voxeis com informação codificada tendo por base o retardamento e os ângulos de incidência dos lasers.
O novo sistema de armazenamento, que começou a ser explorado na década passada por investigadores da Universidade de Southampton, é auspicioso – mas ainda tem de superar dois grandes desafios: os investigadores da Microsoft são omissos quanto ao facto de o mesmo suporte vidro poder ou não ser alvo de regravações, e a tecnologia usada exige dispositivos de leitura diferentes daqueles que são usados para a inserção dos dados. Para acederem aos dados codificados no vidro, os investigadores da Microsoft recorrem a emissores de luz polarizada nos diferentes voxeis e depois captam imagens dos reflexos gerados. Com o recurso a algoritmos de inteligência artificial, os reflexos gerados pela emissão de luz polarizada são filmados e, depois, analisados com o objetivo de apurar a informação que têm armazenada.
O processo de leitura tem vindo a ser aperfeiçoado, e a Microsoft prefere não fornecer dados sobre a velocidade de gravação já alcançada. Pelo que o mundo das tecnologias ainda terá de esperar até que esta nova forma de armazenamento entre no circuito comercial.