Desde que foram criados os primeiros pacemakers, muitas vidas foram poupadas a uma morte causada por falência cardíaca – e esse feito serviu de inspiração aos investigadores das Universidades de Bristol e de Bath, no Reino Unido, para o desenvolvimento de uma nova geração de pacemakers ainda mais eficazes. O resultado acaba de ser publicado no Journal of Physiology, com a descrição de protótipos de pacemakers inteligentes que regulam a atividade elétrica do coração com base na respiração do portador.
Atualmente, os pacemakers regulam os batimentos cardíacos tendo em conta informação relacionada com a temperatura corporal ou dados recolhidos por acelerómetros internos. Essa informação tem vantagens, mas também revela limitações – e por isso os investigadores da Universidade de Bristol acreditam poder fazer a diferença com um dispositivo que mede a atividade elétrica da respiração e que ajusta a atividade do coração em consonância com esses dados.
Segundo o IEEE Spectrum, em testes com ratos, os primeiros protótipos já revelaram potencial para aumentar a quantidade de sangue bombeada pelo coração em 20%, face aos pacemakers tradicionais. Os primeiros protótipos recorrem a um chip analógico que opera com os princípios das redes neuronais para processar os dados recolhidos por sensores junto aos diafragmas dos ratos, durante os movimentos de inspiração dos pulmões.
Com a informação e os cálculos subsequentes, o pacemaker fica em condições de desencadear estímulos elétricos na área esquerda do coração, em consonância com a atividade respiratória, que será um dos principais indicadores das necessidades do corpo em termos de funcionamento cardíaco.
Caso venha a ser adaptada às necessidades dos humanos, a tecnologia desenvolvida pelas duas universidades britânicas poderá contribuir para o desenvolvimento de pacemakers que têm em conta a reação do corpo aos diferentes estímulos elétricos que desencadeiam. Os mentores do projeto acreditam que o chip analógico que permite ajustar batimentos cardíacos em tempo real pode vir a assumir as dimensões de um selo, podendo ser integrado nos modelos de pacemakers já existentes. Os investigadores acreditam que as futuras versões para humanos poderão operar com base nos dados relacionados com a resistência do peito à respiração, em vez de sensores similares aos que foram usados nos diafragmas de ratos.