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Algures num deserto sul-africano, o Bloodhound SSC terá a ousada missão de acrescentar 386 quilómetros ao recorde de velocidade percorrido por um humano a bordo de um veículo terrestre. No Reino Unido, a questão é encarada como uma tradição: nos últimos 100 recordes de velocidade fixados por automóveis, 79 foram alcançados por equipas britânicas. Em 2016, será a vez de os investigadores da Bloodhound SSC chegarem ao número redondo das mil milhas por hora (1609 Km/h) – o que corresponde a um incremento de mais de um quarto da velocidade registada no atual recorde de 763 milhas por hora (cerca 1227 Km/h).
Phil Spiers, especialista em testes de materiais na Universidade de Sheffield e um dos cientistas envolvidos no desenvolvimento deste automóvel de “nariz” pontiagudo, recorda num artigo publicado no The Conversation que o projeto arrancou em 2008, em jeito de desafio científico e captação de novos talentos para a área das engenharias começa agora a ganhar os primeiros contornos.
Entretanto, os mentores do projeto concluíram que não poderiam manter o design aerodinâmico do anterior recordista, que recorria a dois motores de jato que procediam à sucção do ar da parte dianteira, eliminando parte do atrito. O Bloodhound SSC já deverá recorrer a uma aerodinâmica que reduz a dimensão da parte dianteira (e também o atrito causado pelo ar). O novo design teve por ponto de partida as estimativas realizadas em ambiente de simulação nos supercomputadores da Universidade de Swansea, que permitiram apurar qual o comportamento do veículo em velocidades subsónicas, transónicas (próximas da velocidade do som) e supersónicas, quando a velocidade do som é superada.
Em vez de dois motores a jato, o pretendente a recordista deverá usar um único motor com poder propulsor, que é alimentado por uma mistura de hidrogénio peróxido e “borracha granulada”. Ao contrário de outros motores, esta solução permite travar a marcha do veículo antes de o combustível se esgotar.
O Bloodhound SSC também deverá distinguir-se pelos materiais nos chassis e carroçaria: as rodas, devido à velocidade, chegam a gerar forças 50 mil vezes superiores às da gravidade e, por isso, deverão ser compostas por uma peça única de alumínio desenhada e fabricada tendo em conta os mínimos detalhes; cada grama transportado pelo veículo deverá assumir uma massa correspondente a 50 quilos quando atingida a ainda hipotética velocidade de 1609 Km/h; e a carroçaria deverá ser composta de fibra de carbono, que combina leveza e resistência.