As constelações de satélites da Starlink estão a impactar outros comprimentos de onda que não os que lhes estão dedicados e esse ‘vazamento’ de ondas de rádio pode impactar a radioastronomia como a conhecemos. Uma equipa do SKA Observatory e do International Astronomical Union confirma que “este estudo representa o nosso esforço mais recente para perceber melhor o impacto das constelações de satélites na radioastronomia”.
A SpaceX tem mais de 4365 satélites em órbita nesta altura e planeia lançar muitos mais milhares nos próximos tempos. Outras empresas como a OneWeb ou a Amazon também têm satélites nos ares ou planos para os ter em breve. A confirmação da existência destas emissões de rádio inesperadas vai ter impacto seguramente na forma como a astronomia é feita hoje em dia.
No passado, a SpaceX foi confrontada com o efeito visual que os seus satélites tinham nos céus e avançou para a produção de versões mais ténues e menos brilhantes. Agora, o impacto de frequências que não se veem terá de ser também ‘combatido’ de alguma forma.
As frequências de rádio entre os 10,7 e 12,7 gigahertz são as usadas pelos satélites para comunicarem com a Terra. Os investigadores analisaram as observações provenientes da rede LOFAR (de LOw Frequency ARray) na Europa, com mais de 20 mil satélites, de 52 localizações que incidiram sobre 68 satélites da Starlink e concluíram que há um vazamento eletromagnético para outros comprimentos de onda. “Detetamos radiações entre 110 e os 180 MHz em 47 dos 68 satélites”, conta Cees Bassa, do ASTRON, o instituto holandês para radioastronomia, alertando que “este espectro de frequências inclui uma banda protegida entre os 150,05 e os 153 MHz, especialmente alocada para a radioastronomia do ITU (International Telecommunications Union)”, cita o ScienceAlert.
As emissões aparentam não ser intencionais e provenientes dos equipamentos eletrónicos a bordo dos satélites. Por outro lado, não estão a quebrar qualquer lei também e o impacto parece ser reduzido para já. Ao ter sido já detetada e reportada aos fabricantes, a ‘fuga’ de emissões pode vir a ser mitigada ou resolvida completamente em edições futuras dos satélites.