Foram pouco mais de 1000 km ao volante de um Peugeot e-2008 durante uma semana, incluindo a participação no EcoRally de Proença-a-Nova, a terceira prova do Campeonato de Portugal de Novas Energias – Prio. Um segundo teste, mais exigente, após o primeiro ensaio feito aquando do lançamento. Uma análise que permite perceber como o e-2008 está a evoluir e se confirma a opinião muito positiva com que ficámos após o primeiro ensaio. É importante referir que o carro que conduzimos já acumulava quase 7000 km, pelo que este ensaio também permitiu verificar alguns aspetos relacionados com a qualidade de construção.
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Bateria pequena ou grande q.b.?
Com 50 kWh de capacidade total e 45 kWh de capacidade usável, o e-2008 é, pelo menos entre os SUV 100% elétricos, um dos modelos do mercado com menor capacidade de bateria. E os estudos demonstram que a bateria está no top das prioridades para quem procura um carro elétrico. Sobre isto, repetimos o que já dissemos num artigo mais extensivo sobre a autonomia e bateria dos carros elétricos: naturalmente, a capacidade de bateria é importante, mas é, por vezes, sobrevalorizada. Basta analisarmos os dados para percebermos que a maioria dos condutores não precisa de grande autonomia. De acordo com www.odyssee-mure.eu, a média portuguesa é de cerca de 10.000 km/ano, ou cerca de 30 a 40 km/dia. Naturalmente, as médias de pouco servem para analisar as necessidades específicas de cada utilizador, mas é fácil fazer as suas próprias contas: quantas vezes faz, realmente, mais de 250 a 300 km por dia? Será que faz este tipo de viagens com tanta regularidade, que se torna demasiado penalizador fazer uma ou duas paragens para carregamentos rápidos?
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O e-2008 em prova no EcoRally de Proença-a-Nova. Um teste especiamente exigente
Foto: Bernardo Lúcio
A verdade é que num país como Portugal, a esmagadora maioria das famílias não precisa de grandes autonomias. E, claro, uma bateria com mais capacidade tem os seus inconvenientes: aumenta o preço do carro, reduz a eficiência e prejudica a dinâmica (o peso extra penaliza os consumos e afeta o comportamento).
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Isto tudo para dizer que consideramos que a autonomia entre carregamentos do e-2008 é, na prática, perfeitamente satisfatória para a maioria das famílias. E vamos ao exemplo concreto da nossa viagem: nunca sentimos qualquer ansiedade relacionada com a autonomia. Só recorremos a um posto de carregamento público uma vez, na viagem entre Oeiras e Proença-a-Nova (cerca de 230 km), numa estação de serviço na autoestrada A1 com posto de carregamento ultrarrápido – o e-2008 suporta até 101 kW, o que permite uma velocidade média de carregamento de quase 400 km/h, ou seja, podemos recuperar 200 km de autonomia em meia hora. Foi uma paragem de 20 minutos, que nem era essencial para chegarmos ao destino. Mas como precisávamos de parar para de comer qualquer coisa, aproveitámos para carregar também a bateria do carro.
Nas primeiras duas noites em Proença-a-Nova, o carro ficou a carregar em tomadas elétricas cedidas pela organização do EcoRally – também poderíamos ter recorrido a postos públicos e à casa onde ficámos hospedados, mas, por razões práticas, foi preferível carregar no parque do rally. Depois da prova mudámo-nos para Oleiros e, nas restantes noites, o carro carregou numa tomada elétrica comum gentilmente disponibilizada pelo Hotel onde ficámos hospedados. Carregamentos feitos a ‘apenas’ 10 amperes (cerca de 2,3 kW), mas o suficiente para recuperar autonomia para o dia seguinte. Sem qualquer stress ou complicação. E foi assim que fizemos os restantes cerca 600 km do ensaio – além da viagem de regresso, o e-2008 levou-nos a conhecer montes, vales e praias fluviais, sobretudo, entre as zonas de Proença-a-Nova, Sertã, Oleiros e Pedrógão Grande.
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Ao contrário do planeado, nem precisámos de carregar na viagem de regresso (Oleiros – Lisboa). Parece-nos um exemplo que demonstra bem que, havendo sítio onde carregar – e a rede pública de carregamento tem crescido de forma evidente – a bateria de 50 kWh do e-2008 tem capacidade satisfatória. A capacidade só será curta para quem faz, com muita regularidade, mais de 300 km por dia ou gosta de fazer viagens realmente longas por essa Europa fora. O nosso ensaio prova, por exemplo, que o e-2008 pode facilmente ser usado para passar férias em Portugal.
Comportamento vs funcionalidade
Nas primeiras duas provas do campeonato, a equipa da Exame Informática participou com Peugeot e-208 GT, um carro que, como indicámos no artigo da análise, demonstrou ser muito adequado a este tipo de provas. A dimensão do e-208 aliada ao comportamento dinâmico – sobretudo no que diz respeito à suspensão – são mais-valias importantes em provas que acontecem, sobretudo, em estradas estreitas e com curvas apertadas. Um carro que compensou muitas vezes os nossos erros típicos de amadores – nas provas de regularidade não é, regra geral, necessário andar muito depressa, a não ser quando é necessário compensar erros.
Campeonato de Portugal de Novas Energias – Prio
Este é um campeonato nacional, constituído por seis ralis, onde só participam carros 100% elétricos. Tratando-se de provas de regularidade, podem ser utilizados carros comerciais ‘normais’, ou seja, estas provas são abertas a todos. Pode saber mais em http://www.cpnovasenergias.pt/apresentacao/.
Comparado com o e-208, o e-2008 GT que levámos à prova de Proença-a-Nova não é tão ‘agarrado’ à estrada e é um pouco menos eficiente no que ao consumo diz respeito (maior e mais pesado). Mas continua a ter um comportamento dinâmico convincente. De outro modo, não é ‘um carro de corridas’, mas fica lá próximo. Ainda mais quando consideramos que se trata de um SUV. Mas é, claramente, mais confortável e funcional que o irmão mais pequeno – o espaço extra faz toda a diferença. Ao final dos cerca de 200 km de prova, sensivelmente o mesmo que nas provas anteriores, não sentimos dores nas costas ou outros sinais de fadiga além do normal. O que atesta a qualidade dos bancos e da suspensão. Como o e-208, o pequeno volante colocado abaixo do painel de instrumentos demonstrou ser uma mais-valia na prova, já que é importante ter uma boa visibilidade para o painel de instrumentos (controlo de velocidade e distâncias percorridas). Neste aspeto, a possibilidade de personalizar a informação mostrada é uma vantagem extra.
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Outro aspeto importante: o EcoRally de Proença-a-Nova decorreu entre 30 e 31 de julho, dias em que o termómetro marcou muitas vezes mais de 40ºC (chegámos a ver 51ºC marcado no computador de bordo). O que nos levou a ter o ar condicionado sempre ligado, mesmo quando o carro estava parado entre especiais de classificação. Um esforço extra para o e-2008, que nunca mostrou sinais de desgaste, e que não penalizou assim tanto os consumos – ao fim dos 1000 km, o consumo indicado foi de 17,3 kWh/100 km, um valor que consideramos bom para as circunstâncias (prova, estradas de montanha, autoestrada e temperaturas exteriores muito elevadas).
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Em suma, entre o e-208 e o e-2008, preferimos o último pelas vantagens funcionais e de conforto – neste aspeto, a posição de condução um pouco mais elevada é importante. Claro que o e-208 é mais apelativo para condutores com um perfil mais desportivo e menos familiar.
Veredicto
O design do e-2008 GT, sobretudo com o nível de equipamento GT, consegue ser agressivo sem cair no exagero. Perguntámos a muita gente e a opinião foi unânime: todos gostaram muito do aspeto deste SUV. Um look desportivo, ao gosto do condutor, mas sem afetar a funcionalidade. O formato do 2008 encaixa bem no mercado nacional, onde carros com este tipo de medidas acabam por ser os veículos da família. E com um preço base de cerca de 35 mil euros, o e-2008 está entre 100% elétricos mais acessíveis. Sim, não é barato – basta ver que o 2008 com motor a gasolina tem um preço base nos €22.000 – mas se fizermos bem as contas, incluindo manutenção e consumo energético, a versão elétrica acaba por compensar economicamente para muitos perfis de utilização. Além de ter todas as vantagens de conforto, desempenho e ecologia.
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Outro aspeto importante é que o e-2008 que conduzimos não mostrou qualquer ruído parasita audível. Isto apesar de já ter alguns milhares de quilómetros acumulados. Quilómetros que não terão sido suaves, considerando que é um carro de parque de imprensa. Mesmo em estradas de terra e em alcatrão de má qualidade, o conforto e a ausência de ruído deixaram-nos bem impressionados.
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No global, a ideia muito positiva que tínhamos sobre o e-2008 foi reforçada após este ensaio especial de 1000 km. Foi um prazer explorar a zona centro do país ao volante do Peugeot e-2008 GT, muitas vezes por estradas pouco recomendáveis para carros, mas extremamente recomendáveis para os nossos sentidos.
Tome nota
Peugeot e-2008 – Desde €34.920
Autonomia Satisfatório
Infoentretenimento Bom
Comunicações Satisfatório
Apoio à condução Bom
Características Potência 100 kW (136 cv) ○ Bateria 50 kWh ○ Carregamento DC 101 kW (CCS), AC 7,4/11 kW (Type 2) ○ Vel. de carregamento: 12 km/h (tomada comum) a 440 km/h (CCS, 100 kW) ○ Acel. 0-100 km/h: 8,5s ○ Vel. máx 150 km/h ○ Autonomia (WLTP): 331 km ○ 4,30×1,77×1,54 m (CxLxA)
Desempenho: 4,5
Características: 4
Qualidade/preço: 4,5
Global: 4,3
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