Os ‘gémeos’ digitais ajudam a prever o comportamento de máquinas e instalações e representam uma das maiores tendências da chamada Indústria 4.0. Por exemplo, um gémeo ou modelo digital de uma fábrica permitirá antecipar avarias, simular processos e projetar alterações. Na prática, trata-se de são cópias virtuais de sistemas reais.
Estas soluções permitem às empresas reduzirem custos relacionados com projetos, desenvolvimento de protótipos e com tempos de paragens. Por exemplo, uma das técnicas mais comuns é colocar o ‘gémeo’ de uma máquina ou instalação num momento mais à frente no tempo. Deste modo, se surgir uma avaria na simulação, é possível evitar que o mesmo problema aconteça no sistema real. Naturalmente, os ‘gémeos’ digitais vão evoluindo e tornando-se mais próximos dos sistemas reais à medida que mais informação é adicionada ao sistema.
A Spotlite, que desenvolve soluções de análise de imagens por satélite, leva o conceito de modelos digitais para o nível das grandes infraestruturas, em indústrias tão diversas como mineração, transportes e energia.
A solução preconizada por esta empresa portuguesa, que foi distinguida no IoT Challenge 2022, permite fazer a “análise e gestão de infraestruturas críticas, apostando numa abordagem multi-risco”.
Em resposta à Exame Informática Tiago Cordeiro, gestor de produto da Spotlite, explica que ao “combinar dados de monitorização remota, provenientes de satélites de Earth Observation, com dados de sensores e de levantamentos ‘in situ’, é possível fornecer informações acionáveis numa plataforma robusta de monitorização e gestão”.
Uma análise que ganha capacidade com a utilização do 5G: “Em certos tipos de aplicação, os dados de satélite podem não ter resolução suficiente para o ativo a monitorizar. Nesses casos, a conectividade por 5G permite-nos a integração de dados de sistemas de sensorização, que se podem encontrar no terreno, alimentando a nossa plataforma com um canal adicional de influxo de grandes quantidades de dados, a alta velocidade e latência reduzida”.
De outro modo, a Spotlite conjuga dados mais macro, captados por satélites, com dados mais detalhados recolhidos por uma rede de sensores que, para maior eficiência, recorre às redes móveis 5G. A análise destes dados permite criar os tais modelos digitais de grandes estruturas, como, por exemplo, uma rede rodoviária ou de distribuição de energia elétrica.
De acordo com a startup integrada no Instituto Pedro Nunes, o projeto já está numa fase adiantada de desenvolvimento “tendo aplicações em diversos países como Portugal, Turquia, Grécia, Costa Rica e Emirados Árabes Unidos”. Já existem projetos pilotos e contratos comerciais.