A Agência Espacial Europeia (ESA) quer colocar uma instalação de produção de comida na Estação Espacial Internacional (ISS) dentro de dois anos. Para alcançar esse objetivo, foi agora lançado o primeiro passo, com a colocação de um mini-laboratório em órbita através do qual será testado o cultivo de comida. A meta final passa por poder produzir comida no espaço e assim reduzir os custos associados com a alimentação dos astronautas em missão. Como subproduto desta vitória, a Humanidade ficaria mais perto de poder ser uma espécie multiplanetária.
Uma equipa de investigadores do Imperial College de Londres e da empresa Frontier Space quer produzir comida nutritiva no Espaço a partir de “energia pura”, descreveu Aqeel Shamsul, o diretor executivo da empresa que, garante, “não é coisa de ficção científica”.
Os investigadores usaram um biorreator no Bezos Centre for Sustainable Proteins, no Imperial College, para criar geneticamente comida seguindo o processo de “fermentação precisa”, semelhante ao processo de fermentar cerveja. Os cientistas adicionaram um gene à levedura para produzir “vitaminas extra”, e explicam que a mesma abordagem pode ser usada para produzir tudo na comida, como proteína, gordura, hidratos de carbono, fibras e até refeições completas, noticia o Interesting Engineering.
O desafio é conseguir replicar o mesmo funcionamento, mas agora no Espaço. A equipa enviou uma amostra desta levedura e uma versão mais pequena do biorreator para avaliar se o processo é possível. O foguetão Falcon 9 da SpaceX vai lançar um pequeno satélite cubo com este mini-laboratório e este irá orbitar a Terra durante cerca de três horas a bordo da Phoenix, a primeira nave comercial europeia que irá retornar ao planeta. O regresso desta exploração deve amarar junto da costa portuguesa e as amostras serão recolhidas por uma embarcação que as irá transportar para Londres para serem analisadas.
Nesta fase a comida produzida assemelha-se a uma massa disforme, mas os cientistas estão já a tentar obter aprovações para produzir alimentos ricos em nutrientes e que se assemelhem a qualquer comida do planeta.
“O sonho é ter fábricas em órbita e na Lua. Temos de ser capazes de construir instalações de produção lá em cima para fornecer a infraestrutura para permitir aos humanos viver e trabalhar no Espaço”, ambiciona Shamsul.