Raramente os avanços científicos resultam do trabalho de um homem só. Mas no caso do projeto Orgavalue a ideia, a ‘mão-de-obra’, o financiamento e a intenção de transformar a novidade em aplicação têm apenas um nome: Rodrigo Val d’Oleiros. Licenciado em Medicina Dentária, estudante de Medicina na Universidade do Minho e aluno de doutoramento, quer criar um banco de órgãos para transplante, totalmente compatíveis. Para isso, o também investigador do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde pretende pegar em órgãos de dadores e limpar deste todas as células, ficando assim com uma matriz, pronta a ser preenchida com células do paciente que vier a necessitar de um transplante. Um plano ambicioso que o tem obrigado a fazer muitas diretas, a passar muitos finais-de-semana no laboratório e a prescindir de férias nos últimos três anos. “É muito trabalho e tenho feito tudo sozinho”, conta.

Rodrigo começou por testar a técnica em ratinhos, em cerca de 50 animais, passou para porcos, com duas dezenas, e espera em breve começar a realizar o procedimento em órgãos humanos, recorrendo a tecidos que não puderam ser usados para transplante. Nos animais já conseguiu eliminar todas as células e repovoar a matriz. “A grande dificuldade deste protocolo é conseguir remover as células sem destruir o órgão, é preciso atingir um equilíbrio entre destruição e regeneração”, admite.