Os relógios atómicos garantem uma medição bastante mais precisa do tempo do que os seus congéneres mais convencionais. A Agência de Projetos Avançados de Pesquisa em Defesa (DARPA no acrónimo em inglês) dos EUA pretende estender essa capacidade de medição ao ambiente militar, procurando desenvolver um relógio atómico ótico pequeno o suficiente para ser encaixado em veículos, navios ou aviões de guerra, ao abrigo do programa ROCkN.
Já na vida civil, sistemas como o GPS e outros exigem uma sincronização precisa, ao nível no nanossegundo, cenário que se torna ainda mais crítico em aplicações militares. Numa época moderna, também com o cenário de ciberguerra a ter em conta, a necessidade por relógios de grande precisão é ainda mais premente e é aí que a DARPA quer dar uma ajuda. Um erro na escala do milionésimo de um segundo pode ser suficiente para condenar um ataque ou uma defesa ao falhanço.
Atualmente, os sistemas assentam largamente no sinal de GPS, o que é uma condicionante pois este sinal pode não estar sempre disponível ou, por exemplo, ser adulterado por atores com intenções maliciosas. A utilização de relógios atómicos apresenta-se então como uma solução, ao medir o tempo através da frequência com que átomos, como os de césio, mudam de um estado energético para outro. Este processo permite definir um segundo com uma precisão que mostra o ganho ou perda de um segundo a cada 31,71 milhões de anos.
No entanto, mesmo esta precisão não é suficiente para o mundo atual, no qual os sistemas exigem uma precisão na escala do bilionésimo de segundo. A estratégia, simplificando, tem sido usar luz em vez de microondas, para medir a frequência da mudança do estado dos átomos, algo que aumenta em 100 vezes a precisão conseguida, daí se chamarem relógios atómicos óticos. Até agora, este feito só foi conseguido em grandes instalações com um nível de delicadeza e tamanho que impossibilitam o uso em mobilidade e é aí que entra o ROCkN. A DARPA pretende desenvolver um equipamento que seja pequeno, leve e que não consuma muita energia, de forma a oferecer uma medição precisa e em mobilidade.
A primeira fase do projeto visa a construção de um relógio destes que mantenha a precisão ao nível dos picossegundos durante cem segundos e que possa ser instalado num caça ou satélite e capaz de suportar variações de temperatura, aceleração, vibração e ruído neste ambiente. Depois, a equipa pretende construir um relógio transportável que possa ser aplicado num navio ou no terreno e que consiga ser preciso ao nanossegundo durante 30 dias sem ligação GPS.
Por estar ainda numa fase muito embrionária, não se conhecem ainda as expetativas da equipa em relação a prazos para entregar novidades.