É mais um importante passo na consolidação dos Açores como um local de grande relevância geo-estratégica para a exploração espacial: A LeoLabs, empresa americana especializada em vigilância espacial e deteção de objetos em órbita terrestre baixa (ou LEO, da sigla em inglês) acabou de anunciar que irá instalar um radar na ilha de Santa Maria, Açores, estendendo assim a sua capacidade de deteção de pequenos objetos a pairar no espaço.
Em comunicado divulgado esta quarta-feira, 16, o fundador e CEO da empresa, que tem sede na Califórnia, Dan Ceperley, afirmou estar “muito entusiasmado com a decisão de se instalar nos Açores”, naquele que será um investimento para várias décadas – pelo menos vinte anos – “e uma grande oportunidade para apoiar os objetivos portugueses de sustentabilidade no setor do espaço, enquanto o país se afirma na comunidade espacial global. Também é um sinal do compromisso de longo prazo da LeoLabs quanto à sua presença na Europa.”
O radar de banda S, que deverá estar operacional já em 2022, denominado no comunicado por Azores Space Radar, será responsável pelo aumento em 25% da capacidade de deteção destes objetos, expandindo o catálogo dos 15 mil para os 250 mil.
“Estamos muito contentes pelo facto de a LeoLabs ter escolhido Portugal para o seu primeiro investimento europeu no espaço”, afirmou o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor. “É claramente uma contribuição estratégica para Portugal”, reforçou.
A questão do lixo espacial ganha cada vez mais notoriedade no setor, tendo-se tornado num dos programas principais da Agência Espacial Europeia, já que a imensidão de objetos em fim de vida se torna numa ameaça cada vez mais séria à exploração. Sendo que o Azores Space Radar também irá aumentar a capacidade de atualização relativa a eventos críticos em órbitas baixas, incluindo colisões lançamentos e reentradas.
Como observou Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa, “a órbita terrestre baixa rapidamente se tornou numa oportunidade comercial para empresas inovadoras como a LeoLabs e é importante construir infra-estruturas que nos permitam mitigar os riscos do aumento dos detritos espaciais. O radar irá melhorar os serviços de mapeamento e a catalogação, que identificam a posição e a dinâmica dos objetos em órbitas baixas.”
Na decisão a favor dos Açores, além da localização estratégica, que permite aumentar o alcance de deteção, também terá pesado as boas relações e a recetividade demonstrada, quer por parte do Governo Regional, da Agência e do Ministro, um reconhecido entusiasta da aposta no espaço.
“Estamos gratos pelo apoio do Ministro Heitor e do governo português”, afirmou o CEO, assumindo que esta decisão é consentânea com os objetivos de fortalecer a ligação à ESA e ao programa de vigilância espacial europeu, SST. Do qual os Açores já fazem parte, com a inauguração, no mês passado, de um centro de controle de operações do sistema de vigilância espacial europeu na ilha Terceira.