O lançamento foi feito sem grande anúncio ou alarido, mas em menos de uma semana captou o interesse de mais de 50 mil portugueses para uma ferramenta que permite registar sintomas ou suspeitas de contágio de Covid-19 em diferentes zonas do País. A plataforma dá pelo nome de Covidografia e é a mais recente iniciativa do coletivo Tech4Covid19, que junta mais de 4500 voluntários do setor das tecnologias nacional no desenvolvimento de ferramentas que ajudam a comunidade a combater a pandemia.
Com a Covidografia, é possível responder a questionários de autodiagnóstico diários que preveem a descrição de sintomas, indicar o estado de confinamento, e apurar estatísticas relativas a casos suspeitos ou contágios nos diferentes concelhos do País. O que poderá ser útil para os diferentes processos de tomada de decisão.
“Este projeto teve por objetivo criar uma ferramenta que permite que as pessoas confirmem o estado de saúde em que se encontram, ao mesmo tempo que permite recolher informação que que poderá ser útil para as autoridades tomarem decisões táticas de contenção da Covid-19”, explica Pedro Fortuna, voluntário do Tech4Covid19 e diretor de Tecnologias da startup Jscrambler.
A Covidografia foi desenvolvida num contrarrelógio de duas semanas com o contributo de quase 30 voluntários do movimento Tech4Covid19. O objetivo está bem definido desde o início: recolher informação útil que nem sempre é fácil de obter pelos circuitos oficiais.
“Atualmente, a Direção Geral de Saúde (DGS) só consegue acompanhar as pessoas que foram infetadas, mas poderá ter dificuldade em obter informação em tempo útil muitas outras pessoas que, por diferentes motivos, têm dificuldade em reportar sintomas e estados de saúde”, explica Pedro Fortuna.
A Covidografia permite o registo através do endereço de e-mail ou da conta pessoal no Facebook – mas Pedro Fortuna garante que a plataforma não consegue apurar identidades dos internautas que se registam voluntariamente.
“Não sabemos quem são as pessoas. Criámos uma solução que torna impossível relacionar os dados identificativos que constam nas contas de Facebook e Google com as fichas que agregam os sintomas que os utilizadores vão inserindo na plataforma. Temos experiência em segurança informática e tivemos esse cuidado. A plataforma foi criada para respeitar o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD)” refere Pedro Fortuna, recordando que todo o circuito de informação foi montado tendo em conta as indicações de “três advogados de três firmas diferentes”.
A Covidografia foi desenvolvida a título voluntário – mas não perde de vista a possibilidade de se tornar uma ferramenta de monitorização do contágio e das medidas de mitigação à escala nacional.
“Ainda não estamos a ceder estes dados a entidades governamentais, mas é esse o objetivo deste projeto. Se não for possível, eventualmente, poderemos optar por eliminar os dados”, explica Pedro Fortuna.
O Covidografia pretende recolher informação à escala nacional, que os cidadãos voluntariamente fornecem. A informação pretende ajudar as autoridades a analisar a a eficácia das diferentes medidas de combate à Covid-19.
“Podemos entregar esta informação anonimizada a entidades que estejam a trabalhar com o Governo, mas não temos planos para ceder esses dados a toda a comunidade”, frisa Pedro Fortuna.
O núcleo essencial do Covidografia já está operacional, mas o projeto ainda não está concluído. “O potencial do projeto poderá ser ainda maior. Estamos a preparar mais ferramentas que prometem ajudar o Governo a combater a pandemia”, promete Pedro Fortuna.