Como fazer parte de um mundo que nos é ainda tão desconhecido? Como explorar algo que ainda não existe, na sua totalidade?
É um debate que tem gerado várias opiniões distintas. Se, para uns, é um progresso inigualável, para outros pode ser algo abstrato e que devemos encarar com reservas. Para mim, é a oportunidade ideal para desbloquear o potencial da tecnologia e tornar uma série de dimensões acessíveis a qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo. O metaverso está aqui, e nós temos de o saber aproveitar.
Na verdade, antes disso, temos de o compreender. Mas vamos por partes.
É inegável que a tecnologia tem mudado as nossas vidas, que, hoje, estão cada vez mais ligadas ao digital. Utilizamos o nosso smartphone para fazer videochamadas para familiares noutros países, o nosso computador para fazer compras online e a nossa consola de videojogos para momentos de entretenimento com os nossos amigos, como se estivessem ao nosso lado. Este tipo de experiências permite-nos entrar em contacto com outros, mas sem realmente lá estarmos. Contudo, arrisco-me a dizer que nos tem vindo a faltar esta sensação de proximidade.
5,17 mil milhões de pessoas têm acesso à internet, segundo dados divulgados pela Domo, e 65% da população conecta-se, diariamente. Como podemos, então, melhorar a sua experiência e torná-la mais próxima, mais genuína, respondendo às necessidades dos utilizadores? O metaverso pode ser a resposta.
“Meta” significa “ir além” e “transformador”, e “verso” advém da palavra universo. É, portanto, um mundo que pretende ser a extensão da realidade. Nunca fica off, acontece em tempo-real e é gerado pelos seus utilizadores. O objetivo passa por criar este mundo digital, partilhado entre a população e acessível através de todas as plataformas, utilizando tecnologias de realidade virtual e realidade aumentada. Existem mesmo já várias empresas a posicionar-se enquanto aquelas que podem construir o metaverso, como é o caso do Facebook (aliás, Meta), Epic Games, Amazon e mesmo a Microsoft. Podemos ainda ir mais além: hoje em dia já é possível comprar terrenos no metaverso, ou fazer casamentos e concertos e parece-me, assim, que estamos já a jogar num campeonato em que as oportunidades são infinitas.
Mas há um fator mais essencial do que qualquer outro, para que o metaverso funcione: as pessoas. Um mundo não existe sem a população, sendo que aquilo que mais se procura hoje é ter uma identidade única e autêntica – melhor ainda se esta for também, digital. Os “humanos digitais”, que serão os povoadores do metaverso, devem ser a nossa extensão, em formato virtual. É importante, assim, recriar cada detalhe da nossa cara e cada pormenor do nosso comportamento, para que tudo seja o mais humano possível. O metaverso deve ser construído de forma que sintamos as experiências de maneira imersiva, ou seja, como se realmente lá estivéssemos. Eu acredito que, em última instância, tudo isto transforma a forma como comunicamos e como construímos relações.
O receio de muitos é que o online passe a controlar o que fazemos, ou que as relações criadas não pareçam verdadeiras. De facto, estar ao pé de alguém e conversar com essa pessoa é diferente de o fazer por uma mensagem, por exemplo. Temos necessidade, enquanto ser social, de autenticidade nas nossas relações. É por isso que o nosso humano digital tem de nos representar na perfeição e temos de nos identificar com ele para nos sentirmos seguros em relação ao que estamos a fazer no digital. Queremos, também, conhecer a pessoa que está “por trás do ecrã” e confiar nela. Além disso, parece-me que todos devem ter a oportunidade de criar o seu próprio humano digital através de um processo acessível e automatizado. Só assim será possível criar um mundo virtual onde possamos ir às compras, a concertos, a jogos de futebol e até à escola, criando a sensação de que estamos totalmente próximos uns dos outros.
Nos dias de hoje, creio que a nossa missão é, assim, permitir que isto aconteça, quebrando as barreiras da distância. Não queremos virtualizar a humanidade. Queremos humanizar a tecnologia, as relações digitais e o metaverso, criando humanos digitais autênticos e experiências imersivas – e únicas.