Actualmente o vinho é um dos mais importantes produtos de exportação em Portugal, tendo registado o ano passado 856 milhões de euros, um elevado volume de negócios e um valor positivo na balança comercial do nosso país. A par destes números, o sector sempre mostrou um efeito multiplicador, quer na criação de postos de trabalho, quer na ocupação do território nacional por parte da produção.
A história do vinho é longa, mas a história do vinho português no mundo não é, porque apenas nos últimos 25 anos o sector vitivinícola começou a trabalhar os mercados externos. Embora tivéssemos alguns produtores com exportações há centenas de anos, essa actividade não foi representativa para a balança comercial do nosso país. Fizeram-no, e bem. Mas foi um processo demorado e muito solitário. Aliás, poucos têm a consciência de quando efetivamente as grandes ‘casas’ de produção se fundaram. Posso dizer-vos que, no caso de muitas dessas ‘casas’, foi há muito pouco tempo.
Se recuarmos até à década de 70 e início de 80, os célebres produtores de vinhos de hoje em dia quase não existiam. Só em 1986, com a entrada de Portugal na CEE, é que o sector sentiu importantes investimentos tecnológicos na área da vinha e da vinificação, inovações que permitiram impulsionar os vinhos portugueses e posicioná-los a concorrer, de igual para igual, com os melhores do mundo.
No final dos anos 90 e início dos anos 2000, Portugal assistiu a uma revolução no sector. Surgiram inúmeras marcas de vinho, as adegas multiplicavam-se, as vinhas modernizaram-se e os maiores produtores da época iniciavam o engarrafamento das suas ‘tímidas’ colheitas para apresentá-las ao mercado. Nesta fase, os produtores começaram a ambicionar levar os seus vinhos à Europa e a todo o Mundo. Alguns deles vingaram cedo além-fronteiras, alavancando as exportações dos vinhos portugueses, conquistando os primeiros mercados internacionais e demonstrando a vontade de nos querermos afirmar no sector, até porque a qualidade da produção nacional já era muito evidente.
Não nos podemos esquecer que, aliada à importância comercial da exportação do vinho, existe uma importância cultural, pois o vinho é um produto indissociável da sua origem, processos e tradições específicas de produção. Isto para dizer que o vinho foi e é um cartão de visita do nosso país, apresenta a nossa cultura, mas também a nossa geografia. Não é em vão que, ao longo dos últimos 25 anos, temos vindo a promover os vinhos portugueses em múltiplos mercados, cada vez mais longínquos. A história do sector da vinha, de qualquer sector e até da economia em geral tem forte influência da sua geolocalização. É verdade. Somos conhecidos na Europa, conquistámos nestes últimos 25 anos diversos países, mas será que somos conhecidas na Austrália? E na China ou na Rússia? Claro que não, pelo menos da forma que pretendemos. Demorámos a chegar além-fronteiras e nos dias de hoje temos consequências disso. Ainda que Portugal seja uma referência no Mundo do vinho, pois ocupamos actualmente o 9º lugar na lista do comércio internacional de vinho com muito orgulho, sabemos que é preciso fazer muito mais.
É preciso consolidar a nossa notoriedade nos actuais mercados estratégicos, fortalecer a nossa presença em geografias distantes e reforçar o nosso posicionamento enquanto uma referência em qualquer lugar do mundo. É esse o propósito da ViniPortugal, nos últimos 25 anos, e certamente dos próximos 25.