“A desigualdade económica está fora de controlo”. É o diagnóstico feito pela Oxfam International, uma confederação de organizações não-governamentais que lutam contra a pobreza. E apesar das diferenças entre os super-ricos e o resto da população serem cada vez maiores, a Oxfam teme que a desigualdade continue a crescer.
“Sem medidas decisivas as coisas ficarão bem piores. O envelhecimento das populações, os cortes na despesa pública e as alterações climáticas ameaçam exacerbar ainda mais a desigualdade económica e de género e alimentar uma crise mais aguda para os que precisam de cuidados e para os que cuidam”, refere a entidade num relatório divulgado esta segunda-feira.
A Oxfam afirma que “enquanto a elite dos ricos e poderosos pode comprar a sua saída do pior destas crises, os pobres e sem poder não o conseguirão fazer”. E pede aos governos que “tomem medidas para construir uma nova economia, mais humana, que dê resposta a todos e que valorize mais a prestação de cuidados e o bem-estar de todas as pessoas do que os lucros e a riqueza”.
Todos os anos esta entidade costuma divulgar um estudo aquando da realização do Fórum Económico Mundial, em Davos, de forma a tentar colocar o problema da pobreza e da distribuição injusta de riqueza na agenda dos líderes políticos e económicos. No relatório deste ano, a Oxfam destaca alguns números para demonstrar que existe uma “crise de desigualdade” que precisa de ser resolvida. A entidade sugere a criação de um imposto adicional sobre as grandes fortunas para financiar mais emprego e serviços essenciais para a população.
2153
Número de multimilionários (com património acima de mil milhões de dólares) no mundo em 2019. Detêm mais riqueza que 4,6 mil milhões de pessoas (60% da população mundial).
22
A riqueza combinada dos 22 homens mais ricos do mundo é superior à de todas as mulheres dos continente africano.
100 dólares
Se todos se sentassem sobre o valor da sua riqueza empilhadas em notas de 100 dólares, a maior parte da população mundial estaria sentada ao nível do chão. As pessoas de classe média dos países mais ricos conseguiram estar na altura de uma cadeira. Mas os mais ricos do mundo estaria sentados no espaço sideral.
10 mil dólares
A Oxfam salienta que poupar dez mil dólares por dia desde a construção das Grandes Pirâmides serviriam apenas para ter um quinto da fortuna média dos cinco mais ricos do mundo.
10,8 biliões de dólares
Um dos problemas salientados pela Oxfam no relatório é o do trabalho não remunerado que envolve as tarefas diárias de cuidar de outras pessoas, cozinhar, limpar e encontrar água e lenha, que na sua grande maioria são desempenhadas por mulheres. A entidade estima o valor monetário destes trabalhos prestados por mulheres acima de 15 anos em 10,8 biliões (milhões de milhões) de dólares por ano. É o triplo do valor estimado para o setor da tecnologia a nível mundial.
0,5%
A Oxfam estima que um imposto adicional de 0,5% sobre a riqueza dos 1% mais ricos seria suficiente para angariar receita que financiasse o investimento necessário a criar 117 milhões de empresa nas áreas da educação, saúde e da assistência a idosos e a outros setores de forma a eliminar as falhas neste tipo de cuidados.