O espaço conquistou a capital assim que abriu: a vista privilegiada sobre o Parque Eduardo VII, o facto de durante anos aquela zona ter estado praticamente votada ao abandono e a proposta de um restaurante que também é bar e permitir um pezinho de dança fez com que houvesse casa cheia praticamente desde a sua abertura.
O projeto, que nasceu pelas mãos de Nuno Santana, João Arnaut, Francisco Spínola e Sebastião Pinto Ribeiro, ocupa o chamado ‘Lago do Roseiral’, um projeto do arquiteto Alberto João Pessoa, que inclui o lago, o roseiral, a esplanada e o restaurante que há mais de um ano respondem pelo nome de Praia no Parque. Os sócios são também responsáveis pelo Praia na Villa, um projeto que abriram em Vilamoura em 2016 e que enche todos os verões.
Agora, o Praia no Parque quer reforçar a sua aposta gastronómica, beneficiando da sua localização central: para além de ter uma cozinha a funcionar com horário alargado (das 12h às 24h), o restaurante passa a disponibilizar três opções de almoço executivo, uma modalidade muito apreciada por quem precisa de um espaço bonito, sossegado e discreto para fazer os seus almoços profissionais. Ou somente para quem quer ter um lugar simpático com boa comida a preços justos, durante a semana.
De segunda a sexta-feira, ao almoço, é assim possível escolher um dos três menus disponíveis: entrada e prato principal (€23); prato principal e sobremesa (€23) ou entrada, prato principal e sobremesa (€28). Numa carta onde abundam as saladas, as opções de arroz e marisco, a carne perfeitamente cozinhada e os tártaros, ceviches e carpaccios, há pratos para todos os gostos.
Comida do mundo
Com uma opção claramente internacional a cozinha, atualmente liderada por Lúcio Bastos, oferece uma vasta seleção de arroz (adorámos o arroz negro com carabineiro e o risotto de cogumelos); carnes de vaca e porco de elevada qualidade (o bao de bochecha de porco vale muito a pena) e acompanhamentos de chorar por mais, sobretudo pela surpresa. É obrigatório provar o linguini com trufa e o esparregado, que foge totalmente da apresentação tradicional.
Nas sobremesas, destaque para a Piña Colada em texturas, que é muito mais surpreendente do que o nome pode fazer adivinhar. O brownie de cholocate com ganache de amendoim também nos conquistou.
As bebidas não estão incluídas no preço, como habitualmente, e talvez seja onde se encontra o maior desequilíbrio entre a qualidade e o preço cobrado. A carta de vinhos é extensa, e prima pelas opções de espumantes, champanhes e vinhos nacionais e estrangeiros. No entanto, ficámos sem certeza sobre se o preço cobrado é justo. Não há copos de vinho a menos de €6 (mesmo que seja um Ameal ‘Loureiro’, cujas garrafas têm um preço de venda ao público na ordem dos €7) e as garrafas rapidamente passam os €30, o que pode elevar significativamente o preço da refeição.
Uma das hipóteses é ficar pelos cocktails, que pode pedir ao balcão assim que chega – aqui também pode jogar com a sorte e pedir um ‘Sinto-me com sorte’, que o obrigará a lançar uma série de dados que têm opções de ingredientes em cada face. O bartender poderá ajustar alguns que não façam sentido, mas ganha sempre uma bebida praticamente feita à sua medida, e exclusiva. O preço não varia muito do de um copo de vinho, mas talvez seja mais justo em termos de custo-benefício.
De manhã ou à noite?
Experimentámos o Praia no Parque ao jantar e ao almoço, e ambos os horários têm os seus prós e contras: a vista, durante o dia, é bem mais bonita, e a luz que entra pelos janelões faz com que mesmo durante o Inverno o espaço seja naturalmente iluminado. O serviço ao almoço é menos confuso, e as mesas convidam a passar horas na conversa.
No entanto, à noite o espaço ganha um certo glamour. O ambiente é mais eclético, o serviço um pouco mais lento – mas simpático e eficiente – e a música fica uns decibéis mais alta, o que não pede tanto tempo à mesa. No entanto, o espaço do bar torna-se mais apelativo, e entre a barra e a esplanada, podem passar-se ali bons momentos.
De salientar a elevada qualidade do staff, que se destaca pela atenção ao cliente. Não temos a certeza se ficámos fãs e clientes regulares do Praia no Parque a partir do pôr-do-sol – até porque Lisboa tem tantos espaços interessantes, atualmente, que o facto de este estar tão na moda tem aquele inconveniente de estar sempre com lotação esgotada. Mas ao almoço, garantidamente entrou para a nossa lista de apostas seguras! Até porque não dispensamos um lugar que sirva, sempre, comida de elevada qualidade.