Nos dias de hoje, liderar com resiliência e propósito é mais crucial do que nunca, dadas as rápidas transformações e incertezas que marcam o universo corporativo. A necessidade de uma liderança autêntica, equilibrada e orientada para o longo prazo é um dos principais temas de debate nos mais recentes estudos de gestão e liderança. Autores como Simon Sinek, no seu livro “The Infinite Game”, e Brene Brown, em “Dare to Lead”, destacam a importância de uma liderança baseada na resiliência, propósito e vulnerabilidade, como um caminho fundamental para enfrentar os desafios de um futuro incerto.
A identidade pessoal, longe de ser um mero detalhe, desempenha um papel central na forma como um líder se posiciona. Como sublinha Herminia Ibarra em “Act Like a Leader, Think Like a Leader”, o reconhecimento e a aceitação das próprias vulnerabilidades têm-se tornado componentes essenciais para criar uma liderança eficaz. Ao abraçar a sua identidade, os líderes tornam-se mais autênticos, criando relações mais profundas e significativas com as suas equipas e parceiros. Esta autenticidade não só melhora o desempenho, como também promove um ambiente de confiança e transparência dentro das organizações.
A adaptabilidade, segundo Ram Charan em “Leadership in the Era of Economic Uncertainty”, emerge como uma competência imprescindível. O mundo empresarial contemporâneo, marcado pela volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade (VUCA), exige que líderes e organizações sejam capazes de responder rapidamente às mudanças, transformando crises em oportunidades. A flexibilidade, seja no uso de novas tecnologias, como a transição para plataformas digitais, ou na capacidade de abraçar novas formas de trabalho, é vista como um fator determinante para a sobrevivência e competitividade no século XXI. Jim Collins, em “Good to Great”, explora como empresas que promovem uma cultura de inovação e adaptabilidade são mais bem-sucedidas em enfrentar as mudanças disruptivas.
A vulnerabilidade na liderança, tradicionalmente vista como uma fraqueza, é agora reconhecida como uma força fundamental. Brene Brown, uma das principais vozes sobre este tema, argumenta que a vulnerabilidade é um dos atributos mais poderosos para construir equipas coesas e ambientes de trabalho colaborativos. A abertura para partilhar dificuldades e aprender com os erros cria um ambiente de segurança psicológica, onde os membros da equipa se sentem mais à vontade e confiantes para inovar e experimentar novas ideias. No seu artigo “The Best Leaders Are Vulnerable”, publicado pela Harvard Business Review, Brown sublinha que a vulnerabilidade na liderança não enfraquece, mas sim fortalece ao promover uma cultura de confiança.
A inovação, de acordo com Gary Hamel em “The Future of Management”, é o motor que impulsiona a sustentabilidade organizacional. Num mercado em constante evolução, a capacidade de testar novas ideias, correr riscos calculados e aprender com as falhas tornou-se indispensável para o sucesso a longo prazo. Hamel defende que as empresas devem criar espaços onde as equipas se sintam seguras para experimentar, mesmo que algumas iniciativas não resultem. Esse ambiente de experimentação contínua garante que as organizações mantenham uma vantagem competitiva, promovendo não apenas a inovação incremental, mas também a inovação disruptiva, necessária para manter a relevância num mercado em constante transformação.
O equilíbrio entre vida pessoal e profissional é outro tema prioritário, especialmente num mundo onde as exigências de ambos os campos estão em constante tensão e conflito. A ideia de um equilíbrio perfeito foi substituída pela necessidade de flexibilidade e adaptação contínua. Autores como Daniel Goleman, no seu trabalho sobre inteligência emocional, destacam a importância do autoconhecimento e da empatia para estabelecer esse equilíbrio. Goleman argumenta que líderes emocionalmente inteligentes são mais capazes de ajustar prioridades de acordo com as circunstâncias, sem comprometer o seu bem-estar ou a sua eficácia no trabalho. Esta capacidade de redefinir constantemente o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional reflete-se numa maior qualidade de vida, aumento da produtividade e do foco nos resultados.
Por fim, o propósito surge como a verdadeira medida de sucesso. Simon Sinek, conhecido pelo conceito “Start With Why”, argumenta que liderar com propósito significa adotar uma visão de longo prazo que vai além dos resultados financeiros. Para Sinek, o impacto positivo que se pode ter nas pessoas e na sociedade é o verdadeiro legado de uma liderança com propósito. Da mesma forma, “Firms of Endearment”, de Raj Sisodia, David Wolfe e Jag Sheth, destaca como as empresas mais bem-sucedidas são aquelas que alinham os seus objetivos empresariais com um propósito social, criando valor sustentável para todas as partes interessadas — acionistas, colaboradores, clientes e a sociedade em geral.
Resiliência, de acordo com Angela Duckworth em “Grit: The Power of Passion and Perseverance”, vai além da simples capacidade de recuperação após uma contrariedade. Trata-se da habilidade de transformar obstáculos em oportunidades de aprendizagem e crescimento. A mentalidade resiliente é crucial tanto para líderes como para organizações que queiram manter-se competitivas a longo prazo. Duckworth sugere que a resiliência, ou “grit”, é um dos principais preditores de sucesso, permitindo que os líderes se reinventem após momentos difíceis, transformando desafios em catalisadores para o crescimento pessoal e organizacional.
Na entrevista conduzida por Isabel Moço a Tiago Domingues no “TOP BOARD 1:1”, ficou claro o seu alinhamento com as principais ideias debatidas por autores como Simon Sinek, Brene Brown e Angela Duckworth. O testemunho de Tiago reflete uma liderança centrada no propósito, adaptabilidade e na aceitação da vulnerabilidade como um ponto de força. A sua experiência prática na conciliação entre os desafios da vida pessoal e profissional ilustra a importância de encontrar um equilíbrio dinâmico, em coerência com os princípios da inteligência emocional defendidos por Daniel Goleman. Tiago sublinha a resiliência como um motor de crescimento contínuo, testemunhando como os desafios podem ser transformados em oportunidades, o que se alinha com a visão de Angela Duckworth sobre a “grit”. Através do seu discurso, contribui para o debate atual sobre como liderar com autenticidade, inovar e manter uma visão de longo prazo, confirmando a relevância destes temas no futuro da liderança e gestão.
Este artigo é resultado de uma parceria entre a Revista Exame e o Top Board Studio.