A nova Linha Violeta do Metro de Lisboa, que ligará Odivelas a Loures, terá menos duas estações do que estava previsto. Um dos motivos foi o desejo dos residentes de não perderem lugares de estacionamento. O exemplo é anedótico, mas não aparece isolado. Do primeiro-ministro britânico ao partido dos agricultores dos Países Baixos, os últimos meses têm sido preenchidos por notícias que ameaçam a ambição do combate às alterações climáticas. Entre tiros no pé dos governos e aproveitamentos de populistas, é justo perguntar se conseguimos desenhar uma agenda verde que seja, ao mesmo tempo, eficaz e popular. A Europa e o mundo estão a andar para trás na proteção do planeta?
“Identifico claramente essa tendência”, afirma Helena Freitas, professora catedrática na Universidade de Coimbra e diretora do Parque Serralves, em resposta à EXAME. Vera Ferreira concorda. A doutorada em Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável, no ICS, acha que essa retaliação “é cada vez mais evidente”. “Ainda não se nota na legislação – o Pacto Ecológico continua relativamente ambicioso –, mas no discurso sim.”