Os atrasos nas urgências, marcação de consultas e outros serviços dos hospitais públicos em Portugal “sujeitam pobres e ricos à necessidade de recorrer a setores privados”, transformando um direito de todos num meio de “iniquidade social”, segundo José Fragata, coordenador de Cirurgia Cardíaca no Hospital CUF Tejo.
No sexto fórum das ordens profissionais, promovido pela AGEAS Seguros, vários especialistas em saúde discutiram as oportunidades e os desafios do setor em Portugal, mais de quarenta anos desde a criação do Sistema Nacional de Saúde (SNS).
No painel dedicado à importância dos grupos privados em Portugal, o tema principal foi a crise do SNS. Às críticas de José Fragata, seguiram-se as de Rui Diniz, presidente da Comissão Executiva CUF, que considera que os grupos privados, como aquele que representa, já fazem parte do SNS, porque prestam exatamente os mesmos serviços. “Já existem três milhões de pessoas com seguro de saúde em Portugal”, defende, argumentando que os seguros cresceram 120% nos últimos 10 anos.
Na mesma mesa de debate esteve ainda Sara Fernandes, coordenadora do SPMS – Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, que olha para os dois sistemas como um só. “Nós olhamos para o ecossistema da saúde e não apenas para o SNS”, garante a coordenadora, que defende a solução do registo de saúde eletrónico que, segundo a própria, será criado no espaço de dois anos. “Um cidadão pode ir ao privado fazer exames e o seu médico de família, no SNS, tem acesso a tudo”, defende.
Sobre o estado do SNS, o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, considerou que “muito pouco se tem feito na área da prevenção”. “Hoje o SNS é um grande serviço de urgência e essa não é nem deveria ser a sua única função”, reforçando que a pressão no serviço de urgência retira todos os recursos às consultas de especialidade.
No mesmo fórum, houve ainda um primeiro painel que contou com a presença de Adalberto Campos Fernandes. O ex-Ministro da Saúde lamentou o encerramento dos serviços de proximidade em Portugal, assegurando que é urgente evitar “reformas tipo ‘Ambrósio: apetece-me algo’ e não acordar um dia e avançar para o encerramento arbitrário de serviços de proximidade”.
Neste sexto fórum estiveram ainda presentes Fernando Santos, responsável Ordens Profissionais do Grupo Ageas Portugal, Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos, Gustavo Barreto, membro da Comissão Executiva do Grupo Ageas Portugal e Maria de Belém Roseira, ex-Ministra da Saúde.
Pode ver a sessão, na íntegra, nesta ligação.