O valor do negócio não foi revelado e ainda aguarda a aprovação da Autoridade da Concorrência, mas está tudo encaminhado para que 50% da Quinta do Vallado passe para as mãos do fundo de Carlos Moreira da Silva, o Teak Capital. Moreira da Silva passa, assim, a ser acionista maioritário da empresa produtora de vinhos, uma vez que os restantes 50% são partilhados pelas famílias de João Álvares Ribeiro e Francisco Ferreira, tetranetos da ‘Ferreirinha’.
A Quinta do Vallado tem cerca de 100 trabalhadores e um volume de negócios a rondar os €12 milhões, entre vinho e turismo e a gestão executiva da empresa continuará a ser assegurada por João Alvares Ribeiro e Francisco Ferreira, que são os atuais gerentes, esclarecem as partes num comunicado enviado às redações.
“Ao conselho de administração juntar-se-ão dois membros não executivos a nomear pela Teak Capital e o Presidente do Conselho de Administração continuará a ser escolhido pela Família Ferreira. João Alvares Ribeiro acumulará o cargo de CEO durante os próximos seis anos”, lê-se no mesmo documento.
Numa altura em que os gestores da empresa acreditam poder ter de rever em baixa os resultados previstos para 2023 (que eram de €14 milhões) tendo em conta o atual cenário macroeconómico e os desafios que o setor enfrenta, a entrada de um novo acionista garantirá o melhor aproveitamento do potencial daquela que é uma das mais reconhecidas marcas do Douro. Estabelecida em 1716, é uma das mais antigas e mais famosas quintas da região, reputação para a qual contribuiu, naturalmente, o trabalho de Dona Antónia Ferreira. No entanto, os seus descendentes têm mantido a organização com mão forte e feito uma expansão sustentada.
A Quinta do Vallado comprou recentemente a Quinta do Cotto, contígua à Quinta do Vallado, e assim aumentou para 130 hectares a sua área de vinha atualmente em produção.
“A concretização deste acordo surge na melhor altura. Temos atrás de nós 15 anos de saltos qualitativos e quantitativos extraordinários. Chegou a altura de darmos mais um salto diferenciador. Crescemos muito em Portugal e nos mercados internacionais”, afirma no mesmo documento João Alvares Ribeiro, CEO da Quinta do Vallado. “Hoje, temos mais vinha, uma vasta equipa de colaboradores especializados e, pelo caminho, desenvolvemos um forte pilar turístico que fortalece a marca e é uma importante fonte de receitas. A entrada de um sócio foi, por isso, estudada a fundo. A oportunidade de juntarmos à Quinta do Vallado uma grande empresa nacional como a Teak vai, certamente, trazer grandes benefícios.”
Com os vinhos a representar 80% do volume de negócios da empresa, a exportação tem sido uma das mais importantes variáveis para as contas da Quinta do Vallado. A entrada da Teak Capital deverá permitir reforçar o investimento nesta área, e alargar a base de países para onde a Quinta do Vallado mais exporta – EUA, Suíça, Reino Unido, Suécia, Macau e Brasil.
Este movimento da Teak Capital realça a diversificação do portefólio do fundo criado em 1997, que tem apostado em ativos industriais de qualidade, mas também em saúde, educação, fundos de private equity e infraestruturas, imobiliária e até na floresta. Carlos Moreira da Silva, por seu lado, afirma que o investimento permite acrescer à vocação industrial que tem seguido “a vertente florestal e agrícola que a Teak tem vindo a desenvolver no seguimento de uma série de aquisições nessa classe de ativos”.
Em comunicado, o CEO da Teak Capital afirma que “o que mais nos entusiasma neste caso em concreto é o facto de contarmos com uma marca forte, bem construída e sustentada em produtos de alta qualidade. A história e a reputação de uma marca destas é um ativo irrepetível que deve ser potenciado. O nosso desafio é o de, agora, conseguir contribuir para acelerar o ritmo de crescimento deste negócio sem esquecer as suas bases de valor e de diferenciação que estão relacionadas com a qualidade, com as terras e com os seus ativos turísticos.”
A Quinta do Vallado já foi distinguida com o Prémio de Melhor Alojamento na região Porto e Norte, em 2020, nos Besto of Wine Tourism e os seus vinhos somam distinções. O seu ABF Porto Muito Velho conseguiu, aliás, o feito praticamente inédito de ser classificado com 20 pontos por Jancis Robinson. As várias referências somam, igualmente, pontuações muito elevadas por parte de diversos críticos nacionais e internacionais.