A inflação colocou um fim à era de juros baixos e de liquidez ilimitada, que vinha alimentando a indústria de capital de risco e permitido que as avaliações de muitas startups tivessem sido insufladas para valores estratosféricos num passado recente. Mas, agora, com os custos de financiamento bem mais elevados, o capital tornou-se mais escasso, obrigando a uma maior disciplina dos investidores e a valorizações criteriosas. Tal como aconteceu com algumas tecnológicas cotadas em bolsa, os negócios de muitas startups que ainda não foram para o mercado de capitais deverão valer bem menos atualmente do que nos tempos em que o dinheiro abundava, de forma quase grátis, no sistema financeiro.
É um desafio para muitas empresas que, nos últimos anos, conseguiram fechar rondas de financiamento em que tiveram uma avaliação mínima de mil milhões de dólares, alcançando o estatuto de unicórnios. Se tivessem de avançar para novas operações desse tipo, de forma a angariarem mais fundos, teriam agora, muito provavelmente, de fazer um corte significativo na avaliação que tinham alcançado no passado. Por outro lado, o recurso a uma entrada em bolsa para angariar capital também se revela complicado, já que a instabilidade nos mercados financeiros retirou o apetite aos investidores por operações deste tipo.
