A Adega Mãe, pertencente à família Alves – dona da Riberalves – apresentou esta semana a sua nova imagem e o reposicionamento das suas referências, produzidas na região de Lisboa. O evento reuniu a imprensa da especialidade para celebrar os dez anos da marca, que se tem afirmado sobretudo no segmento comercial, e que exporta atualmente 70% da sua produção de 2 milhões de garrafas.
O CEO da empresa sedeada em Torres Vedras, Bernardo Alves, explicou que os vinhos Dory vão ser a grande aposta da Adega Mãe, um vinho de perfil comercial “que representa a Adega Mãe”, não apenas porque faz referências aos Dori, os pequenos barcos onde se pescava bacalhau à linha antes de os transportar até aos bacalhoeiros, mas porque têm sido os mais apreciados pelos consumidores. “Sentimos é o nosso posicionamento, é o que consegue chegar a muitos clientes, com um perfil que é muito Adega Mãe e um preço razoável”, justifica o responsável.
Branco, tinto ou rosé, os Dory apresentam-se como ‘vinhos para beber todos os dias’, com um equilíbrio bastante interessante para o preço – €4,5 a garrafa. Não são a entrada de gama da Adega Mãe – esses são os Pinta Negra, com um preço de menos de €3 a garrafa e vendidos sobretudo na grande distribuição – e perderam as referências ‘Reserva’ que tinham anteriormente.
Os Reserva passam apenas para os vinhos ‘Adega Mãe’ (PVP €12), marca sob a qual ficam também todos os monovarietais produzidos por Diogo Lopes, o enólogo da empresa, e Anselmo Mendes, consultor do projeto. Nos monocasta, o destaque vai para o Viosinho, cuja evolução tem merecido especial atenção por parte da equipa de enologia, e que até vai ganhar uma referência especial, de 2019, saída de uma parcela com características ainda mais distintivas que, acredita Diogo Lopes “vai ser muito surpreendente”. No entanto, ainda não está pronta para ser engarrafada, e só em breve será revelada ao mercado – podemos dizer, no entanto, que experimentámos e que vai ser, no mínimo, muito apelativa.

É também sob a marca ‘Adega Mãe’ que chegam ao mercado os espumantes – Blanc de Blancs e Bruto –, cuja produção foi iniciada há cerca de quatro anos, e têm surpreendido até os mais céticos. A referência mantém os ‘Terroir’ (PVP €49), que são os topo de gama da empresa, e que são apenas engarrafados em anos de excecional colheita. Em jeito de referência, os últimos datam de 2016.
Diogo Lopes assume que continuam “à procura dos micro-terroirs que existem na região” e que já lhes revelaram surpresas como uma vinha de cerca de 50 anos com a casta Vital, muito característica daquela zona do Oeste e que foi deixando de ser utilizada ao longo dos anos. A Adega Mãe recuperou-a e tem um Vital Vinhas Velhas que foi o grande vencedor da tarde de provas, sobretudo por ser tão pouco vista.
Mas os enólogos têm apostado ainda no Castelão – que com a influência atlântica e os ares da Serra do Montejunto parece uma casta totalmente diferente daquela que é produzida no Douro ou mesmo em Setúbal.

Com uma faturação prevista a rondar os €4,4 milhões em 2021, o CEO da Adega Mãe lamenta que 70% do produto seja para exportação – a empresa tem atualmente presença em mais de 30 países, sendo o Brasil o seu melhor mercado –, muito devido à imagem que os vinhos de Lisboa ainda têm no mercado português. No entanto, admite que é preciso arregaçar ainda mais as mangas para conseguir afirmar a região junto do consumidor nacional, e faz um mea culpa ao seu próprio esforço.
Entusiasmado com a nova fase da empresa, Bernardo Alves garante que a Adega Mãe está comprometida em conseguir continuar a divulgar os vinhos de Lisboa, e espera continuar a crescer em valor nos próximos anos – em quantidade será difícil, uma vez que a Adega já está praticamente na sua capacidade máxima de produção. “Isso representará mais investimento e não é a prioridade agora”, admite.