O ano de 2020 – e os primeiros meses de 2021 – foi particularmente difícil e penalizador para as mulheres, que se viram a perder rendimentos e o emprego a uma velocidade mais rápida que os homens, por uma série de fatores.
Têm sido também tempos desafiantes para as mães que se mantêm em teletrabalho e que acumulam, na grande maioria das vezes, a carga do trabalho doméstico com aquele que têm que continuar a desenvolver para garantir que não pedem rendimentos.
O Women in Work Index 2021, realizado pela PwC, avisa para o facto de esta pandemia poder deitar por terra os esforços dos últimos anos na luta por um caminho mais igual entre homens e mulheres, no mundo do trabalho: é preciso repartir melhor a carga do trabalho doméstico, aumentar salários e deixar de penalizar as mulheres porque são mãe. É preciso também quebrar as barreiras sociais – porque as legais deixaram de existir há anos – que as impedem de chegar a cargos de liderança e, quando o conseguem, de receber os mesmos salários que os seus pares masculinos.
Em Portugal, o ‘gender pay gap’ continua a situar-se, em média, nos 14%, sendo que esta diferença dispara para os 26% nos cargos de topo, revelam os estudos internacionais e nacionais realizados ao longo dos últimos meses. Isto numa altura em que 73% das mulheres já trabalham, no País: um valor que compara com os 57% registados em Itália, 60% na Grécia ou 70% em Espanha, para usar os países do Sul da Europa como exemplos. Em todos eles, a diferença salarial entre géneros é menor que em Portugal: em Itália, elas ganham menos 5% que eles, na Grécia menos 4% e em Espanha menos 13%.
Se o País atingisse os níveis da Suécia (que ocupa o primeiro lugar do pódio dos mais igualitários) em termos de emprego feminino e diferença salarial por género, os ganhos para o PIB nacional seriam na ordem dos 11 mil milhões de euros, segundo as contas da PwC. Ou seja, podia representar um incremento de qualquer coisa como 5% na economia portuguesa.
Todos estes números são, sobretudo durante a última década, debatidos até à exaustão. Mas a verdade é que na maior parte dos países do mundo continuam a não melhorar apesar dos esforços legislativos nacionais e internacionais, e do aumento significativo do nível de escolaridade feminina.