O anúncio foi feito em comunicado pela própria Fórmula 1 e confirma aquilo que eram os desejos da organização: Portugal recebe a terceira etapa do Grande Prémio de F1 no primeiro fim-de-semana de maio. A Parkalgar, promotora portuguesa, chegou finalmente a acordo com a Formula One World Championship Limited (FOWC), duas semanas depois do prazo previsto.
O evento contará de novo com dinheiros públicos. Em declarações à EXAME a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, confirmou que o “Turismo de Portugal pretende apoiar este evento em 2021 em termos semelhantes a 2020”, um ano em que a contribuição daquele organismo à realização do GP de F1 ascendeu aos €1,5 milhões. Na ocasião a verba foi utilizada para asfaltar a pista do Autódromo Internacional do Algarve, que não estava ainda preparada para receber a prova, cumprindo assim todos os requisitos da FIA.
“As negociações para esse apoio estão em curso, a candidatura está ser preparada pelo promotor. Este apoio ajudará a suportar os custos globais inerentes à organização da prova”, afirma a responsável em relação à prova de maio próximo.
No ano passado, o custo da organização do GP da F1 em Portimão ascendeu a €9,4 milhões, valor partilhado entre Turismo de Portugal, Parkalgar e patrocinadores oficiais, tal como a EXAME noticiou esta semana. As receitas foram de cerca de €27 milhões. No entanto, permanece a dúvida sobre o valor da taxa de entrada do circuito nacional a suportar – em condições normais, esta ‘fee’ varia entre os €10 e os €30 milhões. Sabe-se que no ano passado houve alterações a estes valores, mas todos os intervenientes no processo recusam avançar informações concretas sobre o preço pago, escudando-se nas cláusulas de confidencialidade do contrato.
Presença de público
Questionada sobre se a prova a realizar em maio contará com a presença de público – condições fundamentais para a prova, na ótica do presidente da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting, Ni Amorim, e do CEO da Parkalgar, Paulo Pinheiro – Rita Marques deixa a porta entreaberta:
“O promotor tem vindo a trabalhar, com o apoio do Turismo de Portugal, com a Direção Geral de Saúde, avaliando vários cenários, com diferentes cargas de público. Tudo dependerá da evolução epidemiológica do país e da região”, explica a governante. Paulo Pinheiro diz que ainda não há decisão sobre este ponto.
Certo é que no mesmo dia em que a Fórmula 1 confirmou o regresso do ‘Grande Circo’ a Portugal em maio, a Secretária de Estado disse à BBC que o País espera poder abrir as fronteiras e o turismo no início desse mesmo mês, graças a certificados de vacinação ou de testes.
Numa entrevista citada pela Agência Lusa, a responsável afirmou ainda que “por enquanto, as viagens não essenciais precisam de ser restritas, mas acreditamos que Portugal vai poder permitir viagens sem restrições em breve, não só para pessoas vacinadas, mas também para pessoas imunes ou que testem negativo”, afirmou. A secretária de Estado garantiu que essa abertura “vai acontecer em breve, dentro de uns dois meses. Talvez em maio, início de maio”, acrescentou, garantindo que pretende ter “tudo pronto para permitir aos britânicos”, maior mercado emissor, “visitar o país”.
Rita Marques adiantou ainda que o Governo está a “trabalhar no sentido de reabrir o Turismo o mais rápido possível de uma forma segura” e mostrou confiança no chamado “passe verde” a emitir pelos países da União Europeia.
Na primeira prova da temporada de 2021 do GP de F1, que acontece no Bahrain a 28 de março, a presença de público está permitida, mas apenas poderão assistir pessoas que se encontrem curadas ou estejam vacinadas contra a Covid-19, fez saber a organização.
Recorde-se que em outubro passado houve várias falhas apontadas à organização da prova em Portimão, com bancadas cheias de público que não estavam a cumprir distanciamento social e aglomerações que não foram evitadas. Este ano, e numa altura em que o País continua em confinamento generalizado, os olhos estão postos na decisão do Executivo e das autoridades de Saúde, que não têm permitido público em provas de outras modalidades desportivas.
Impacto social potencia destino
Na prova do ano passado, a presença de adeptos nas bancadas permitiu aumentar significativamente o impacto económico no País e na região – os gastos de espetadores e outros participantes individuais (staff F1, staff equipas F1, organização local, etc.) rondaram os €11,6 milhões. A que se juntaram, segundo a secretária de Estado do Turismo, “mais de € 62,1 milhões em impacto mediático – o Grande Prémio de Portugal beneficiou da transmissão televisiva global através de 185 canais televisivos em todo o mundo e beneficiou igualmente de todo o conteúdo digital, imprensa e redes sociais (mais de 11 biliões de impressões nas redes sociais)”.
Nas respostas enviadas por email à EXAME, a responsável apontou também como justificação para o investimento feito neste tipo de prova o incremento de seguidores nas redes sociais oficiais da Fórmula 1, Facebook, Twitter, Instagram e YouTube, durante a semana do evento.
“Tudo visto, está em causa um evento global que vai muito além das provas em si e é, por isso, muito importante que o destino anfitrião o saiba capitalizar”, repetiu Rita Marques, à semelhança do que já defendeu no ano passado, quando questionada sobre a relevância do GP de F1 para a atividade económica nacional.
“Os elementos que temos relativamente ao impacto económico e retorno mediático e que poderão ser avançados pelo promotor, permitem concluir por uma expetativa de impacto significativo no que concerne à sua projeção mediática em meios de comunicação social internacional e ao seu contributo para a notoriedade e para o posicionamento de Portugal enquanto destino turístico palco de grandes eventos desportivos de âmbito internacional, para a dinamização da economia local e para a redução da sazonalidade do destino Algarve”, concluiu.
O GP de F1 de Portimão vai ser a terceira prova do calendário da temporada de 2021, logo depois do GP do Bahrain e do GP de Imola, em Itália.