A Tilray, fabricante de produtos de canábis para uso medicinal e com instalações em Cantanhede, foi autorizado pelo Infarmed a introduzir em Portugal os medicamentos com fins terapêuticos produzidos no País à base daquela planta.
Portugal torna-se assim o 16.º país europeu a autorizar a venda dos produtos daquela empresa canadiana, refere um comunicado da Tilray. “A aprovação do Infarmed confirma os padrões de segurança e qualidade da produção certificada das boas práticas de fabrico [GMP na sigla em inglês] da Tilray,” acrescenta o documento.
De acordo com a legislação portuguesa, as indicações terapêuticas para o uso de produtos à base de canábis abrangem o tratamento de espasticidade associada à esclerose múltipla ou lesões da espinal medula; náuseas, vómitos (resultantes da quimioterapia, radioterapia e terapia combinada de VIH e medicação para hepatite C); estimulação do apetite nos cuidados paliativos de doentes sujeitos a tratamentos oncológicos ou com sida; dor crónica associada a doenças oncológicas ou ao sistema nervoso; Síndrome de Gilles de La Tourette; epilepsia e tratamento de transtornos convulsivos graves na infância; e glaucoma resistente à terapêutica convencional.
A Tilray foi a primeira empresa do setor a anunciar investimentos em Portugal, inaugurando em abril de 2019 em Cantanhede o seu primeiro campus na Europa, com cerca de 15 mil metros quadrados. Além de cultivo no exterior e em estufas, as instalações têm ainda áreas de armazenamento, salas de corte e de propagação, laboratório, fabrico de extratos e embalamento.
Cerca de um ano depois, em maio de 2020, recebeu a terceira certificação GMP (as outras duas tinham sido concedias em maio e dezembro de 2019), que lhe permite fabricar extratos de canábis para uso medicinal e exportar produtos, no formato de óleo ou flor seca, para a União Europeia e outros mercados internacionais.
Entre 2018 e maio de 2019 foram criadas em Portugal cerca de 40 empresas que registaram a sua atividade económica como estando relacionadas com o cultivo ou a transformação de canábis, nomeadamente para fins medicinais, sobretudo de origem canadiana, israelita, norte-americana, britânicas ou alemã.
Entre as que tinham investimentos mais avançados estava a RPK Biopharma, que anunciou há um mês a sua primeira colheita da planta na exploração em Aljustrel. A casa-mãe, The Flowr Corporation, dizia na altura que tinham sido obtidas cerca de três toneladas de flor de canábis com alto teor de tetra-hidrocanabinol, uma das substâncias canabinoides da planta.
Este ano a empresa espera obter a certificação GMP europeia e ter uma área de plantação em Aljustrel que chegará aos 40 hectares, num investimento de cerca de 45 milhões de euros e que poderá criar até 200 postos de trabalho, noticiou a Lusa.