Propriedade da casa Santos Lima, uma empresa familiar com provas dadas no setor da vitivinicultura, a Sociedade Agrícola da Quinta do Conde volta a fazer parte da lista das PME Líder nacionais. “Este ano estamos num setor que percebemos que ia sofrer”, começa por dizer José Luís Santos Lima, numa conversa por telefone com a EXAME. “Mas a verdade é que não tivemos muitas contrariedades. No setor do vinho há empresas mais dependentes da restauração, e essas têm atravessado dificuldades”.
Não foi o caso da Quinta do Conde, que viu a faturação crescer 30% durante o primeiro semestre de 2020, em termos homólogos. No ano passado a empresa registou vendas na ordem dos 6,7 milhões de euros, valor que deverá ser ultrapassado este ano, com o gestor a acreditar que vai ser possível registar um crescimento nas vendas também durante o segundo semestre. “O consumo de vinho cresceu, bebeu-se muito mais vinho em casa [durante o Grande Confinamento]. Embora tenhamos sentido uma diminuição do custo médio” consumido, a verdade é que a quantidade média acabaria por compensar. Segundo o CEO da Quinta do Conde, o bag in box voltou a ser dos produtos favoritos dos portugueses, mas a tendência de crescimento também é visível nos outros mercados onde a empresa tem presença. Finlândia e Reino Unido são as geografias que mais pesam nas contas das exportações da empresa, que depois tem nos restantes países da Europa um mercado relativamente equivalente a ocupar a terceira posição.
E apesar de entre março e abril o fecho das fronteiras ter ditado algumas dificuldades no transporte dos vinhos da Quinta do Conde, a verdade é que foi possível resolver rapidamente a questão do fornecimento, substituindo alguns barcos por transporte rodoviário assim que possível. José Luís Santos Lima realça a importância da relação com os clientes numa altura crítica como a que atravessamos recentemente. “É óbvio que o nosso trabalho principal estava feito. Durante a pandemia não foi possível levar o vinho a provar, conhecer as pessoas, estabelecer relações próximas. E tivemos a sorte de já ter esse trabalho feito. E com qualidade. Os nossos clientes reconhecem-nos e temo-nos esforçado por continuar a dar valor e qualidade. Estão muito fidelizados”.
Vantagens competitivas que se refletiram num aumento das vendas, e que levam a empresa a aumentar o investimento já durante os próximos meses, para conseguir responder à procura. A aposta em novos equipamentos vem a par com a manutenção da qualidade, o aumento dos contactos telefónicos e a redução de viagens para o estrangeiro. “É certo que esta pandemia despersonalizou um pouco o processo a que estávamos habituados, mas há uma reaprendizagem”, atira, otimista, o gestor. “Nunca me passou pela cabeça estar a investir mais este ano. Vamos plantar mais vinhas, tivemos que reforçar stock…”, revela José Luís.
Na mesma ocasião, o responsável congratulou-se pela distinção de PME Líder, um ‘selo’ que a empresa tem conseguido manter nos últimos anos, e que, segundo o CEO da empresa, é possível porque toda a “fantástica equipa” está focada em três pontos que considera fundamentais – e que deixa como conselho para os empresários do País: “fazer sempre o melhor possível, com a maior qualidade possível e com todo o empenho”.
Numa altura em que vários negócios enfrentam dificuldades, José Luís Santos Lima afiança que teve uma dose de sorte muito relevante na sua atividade. “E isso não fomos nós que escolhemos. É preciso ter noção de que há empresas que estão a passar dificuldades, mas não obrigatoriamente é por falta de mérito. Nós tivemos a sorte de as pessoas quererem beber mais vinho, e tivemos muito pouco a ver com isso”, recorda divertido. Agora, é altura de se concentrar nas vindimas, e de garantir que para o ano os seus vinhos continuam a ser escolhidos pelos consumidores. E a sua empresa continua no lote restrito das PME Líder portuguesas.