Governo, Presidência e restantes entidades oficiais tinham tudo pronto para anunciar esta sexta-feira, 10 de julho, o regresso do Grande Prémio de Fórmula 1 a Portugal em outubro. Numa cerimónia ao estilo da que foi feita aquando da divulgação da final da Champions League em Lisboa, Marcelo e Costa dariam a notícia ao País após a publicação do calendário oficial por parte da FIA – a Federação Internacional do Automobilismo. No entanto, o calendário apareceu esta manhã, mas sem Portugal – a última prova confirmada pela FIA acontece na Rússia, entre 25 e 27 de setembro, revelou a instituição. A imprensa especializada tem avançado com a data de 4 de outubro para o Grande Prémio de Portugal. Seria a 11.ª prova da temporada de 2020.
A EXAME sabe que a principal preocupação do Governo e da Presidência, agora, é acelerar a divulgação da data da prova por parte da FIA, por forma a conseguir fazer um anúncio oficial e vinculativo que se foque nos pontos positivos de trazer, 24 anos depois, um Grande Prémio de Fórmula 1 a Portugal. Depois do anúncio que seria feito em Lisboa – e todas as diligências já estavam tomadas para que assim fosse -, um outro momento devia assinalar o regresso da competição em Portimão, que a irá receber.
Os receios em torno da evolução dos números da pandemia podem minar a mensagem que se pretende de ânimo para uma região particularmente fustigada pela ausência de turistas. Além de que, sabe ainda a EXAME, o Governo quer começar a trabalhar o quanto antes com as autarquias e empresários do Algarve para preparar a chegada do ‘Grande Circo’.
Numa altura em que as várias equipas de Fórmula 1 estão significativamente pressionadas com os constrangimentos financeiros trazidos pelo adiamento da temporada de 2020, a confirmação de provas funciona como uma espécie de balão de oxigénio. Ainda que com espetáculos à porta fechada, a verdade é que manter os carros em pista justifica milhares de empregos, garante contratos publicitários e receitas que, mesmo menores, são fundamentais para alimentar uma indústria que gera milhões de euros em proveitos todos os anos.
Para Portugal, ainda não é claro qual o retorno que a competição poderia trazer, mas recentemente, Paulo Reis Mourão, investigador da Universidade do Minho e autor do livro “The Economics of Motorsports: The Case of Formula One, editado pela inglesa Palgrave, afirmava que este seria de ‘apenas’ 200 ou 300 milhões de euros num prazo de 12 anos. E isto conseguindo que houvesse mais provas em terras lusas.
Seja como for, Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Paulo Pinheiro, CEO do Autódromo Internacional do Algarve, vão agora ter que suster a respiração durante mais uns dias, até a FIA confirmar as novas datas e lugares das próximas provas, o que se espera que aconteça durante a próxima semana.