Contou-me em tempos o meu Amigo Luis Groff, de Curitiba, Brasil, que na sua opinião existe uma única diferença entre um enólogo (técnico de enologia/viticultura) e um enófilo (apreciador de vinhos).
“O enólogo perante o vinho toma decisões, o enófilo (grupo no qual ele se incluía) perante as decisões “toma” vinho!
Mas será mesmo assim? Será que um enólogo não terá de ser também, antes de tudo o mais, um grande enófilo? Não terá de experimentar a apreciação hedonística do vinho para se sentir desafiado?
Na minha opinião, sim, certamente. O primeiro passo que alguém terá de dar antes de iniciar a sua formação de enólogo é sempre o de apreciar o vinho e se deixar intrigar pela sua filosofia e produção.
Por aqui deve-se iniciar “o nascimento” de um enólogo; a apreciação dos vinhos, a educação dos sentidos, o entusiamo pelo enorme mundo de diferenças e opções. É que não cansa nunca, e convence… e desafia!
E depois de aprender “a arte de saber apreciar um vinho” … e depois, bom, depois é mesmo estudar, … e são tantas as ciências envolvidas!
É a sua produção, a cultura da videira (viticultura), que tem botânica, fisiologia, ampelografia, climatologia… é a essência do vinho, com a química aplicada, a microbiologia fascinante iniciada por Pasteur, a biologia, a física aplicada e, por fim, o estudo dos sentidos humanos.
É a apreciação organolética visual, aromática e de sabores. É a sempre tão complicada apreciação organolética, pois nunca está terminada… aprende-se ao longo da vida… é como conduzir um automóvel, onde há sempre surpresas em cada curva… só termina mesmo com a chegada ao final da vida.
Mas os enólogos distinguem-se uns dos outros, como em qualquer profissão!
É que no enólogo, por maioria de razão, a componente artística marca muito a diferença entre todos.
O estudar a natureza, gostar do campo, respeitar os seres vivos vegetais… e a vontade de produzir diferente, com o que cada um entende ser a melhor forma de otimizar o trabalho da natureza, oferecem ao enólogo a sua necessidade de ser artista, de incluir o seu cunho no vinho, de acordo com a forma como interpreta a criação e a possibilidade de contribuir para o bem do enófilo.