Mark Zuckerberg já foi chamado a prestar declarações no Parlamento britânico sobre o caso da utilização de dados do Facebook para influenciar eleitores, naquele que se deverá juntar à galeria dos maiores escândalos de manipulação da democracia. Os protagonistas? A rede social criada pelo [agora] multimilionário norte-americano e a Cambridge Analytica, empresa que trabalha eleições em diversas partes do globo, e que recentes investigações apontam como responsável pela vitória de Donald Trump, através do tráfico de informação e da manipulação dos sentimentos dos utilizadores da rede social.
O caso? Em cima da mesa está a utilização, por parte da Cambridge Analytica de dados de 50 milhões de utilizadores do Facebook sem a sua autorização. A recolha da informação deverá ter sido feita através de uma aplicação de testes de personalidade usada por vários utilizadores da rede – o problema é que a informação recolhida era de amigos desses utilizadores, ou seja, de pessoas que nunca usaram a app e muito menos deram autorização de acesso aos seus dados. As informações terão depois servido para manipular publicações e influenciar os cidadãos britânicos, à semelhança do que se suspeita ter acontecido na campanha presidencial norte-americana.
A dúvida que persiste, atualmente, é sobre o grau de envolvimento do Facebook em toda esta questão – e o silêncio sepulcral de Mark Zuckerberg não tem ajudado a resolver o mistério. Em declarações ao britânico The Guardian, o antigo responsável pela gestão de política de privacidade do Facebok afirmou que o controlo que a rede tem sobre os dados cedidos a entidades externas – como as que desenvolvem aplicações para serem usadas na rede – sempre foi “zero. Absolutamente nenhuma. Assim que os dados saem dos servidores do Facebook não há qualquer controlo, e nenhum informação sobre que o que lhes vai acontecer”. E acrescenta que sempre houve desconfianças sobre a existência de um mercado negro de dados, e que foi desencorajado pelos executivos da empresa a investigar mais sobre o assunto “Achei a atitude chocante e horrível ”, conclui Sandy Parakilas.
Os investidores têm estado a acompanhar atentamente o caso, o que tem ensombrado a negociação dos títulos da empresa norte-americana, que já perdeu 10% em apenas três dias, e que deverá continuar a escorregar após a abertura de Wall-Street – fora do mercado oficial, já escorregam 2,5%. O Facebook vale atualmente cerca de 168 mil milhões de dólares, segundo dados da Bloomberg.