Uma política criteriosa de aquisições e expansões fabris conduziu a Colep, a empresa de embalagens baseada em Vale de Cambra, à liderança europeia no contract manufacturing, um modelo de negócio em que os fabricantes fornecem um serviço completo aos clientes. No caso da Colep, esses clientes são multinacionais como a Colgate, Unilever, Procter & Gamble ou Beiersdorf (Nívea). As marcas internacionais de espuma de barba, desodorizante ou o champô à venda nos supermercados bem podem ter sido embaladas pela empresa do Grupo Rar, que tem uma posição muito favorável no segmento dos aerossóis. “Quanto mais globais somos, mais oportunidades nos surgem”, resume Vítor Neves, presidente executivo. No contract manufacturing, a empresa está entre os principais atores mundiais e na Europa suplanta a francesa Fareva, o seu principal adversário. Aliás, segundo o site da empresa, “a Colep ocupa uma posição de liderança no mercado mundial” de embalagens e enchimento de produtos de higiene pessoal, cosmética, higiene do lar e de parafarmácia de venda livre. O segredo? “Uma cobertura geográfica adequada, o domínio da cadeia tecnológica, um sistema organizativo que potencia a produtividade e uma reputação imaculada.” Na realização da vocação multinacional, a partir de uma base ibérica em que aplicou na década passada mais de 100 milhões de euros, a Colep recorreu a modelos diferenciados. Primeiro, transferiu o centro de gravidade para a Europa Central, com a instalação de bases fabris na Polónia e a fusão (2004) com a divisão europeia da canadiana CCL. Em 2009 comprou a principal concorrente, a alemã Czewo. O movimento seguinte visou o Brasil, em parceria, e o México, através de aquisição. Na Ásia, tem uma parceria no Dubai e uma aliança estratégica com a rede One Asia, que está em cinco grandes mercados. Tem 12 fábricas em sete países e faturou 465 milhões em 2016 — o contract manufacturing pesa 75%.
Este artigo é parte integrante da Exame de Junho de 2017