Luis Laginha, administrador do Banco de Portugal, foi à ESG Talks, – conferência do Novo Banco, juntamente com os media partners VISÃO e EXAME, e os parceiros estratégicos Nova SBE e PwC Portugal – falar de alterações climáticas. E levou como inspiração as palavras do secretário geral da ONU, António Guterres: “Estamos todos confrontados entre a escolha coletiva ou o suicídio coletivo”, citou, para concluir que “não é difícil assumir que as consequências serão mais graves do que aquelas a que temos vindo a assistir”.
Conhecida a situação que vivemos – e foi dado o exemplo das cheias que invadiram recentemente o Paquistão – este responsável do BP afirmou que “as metas climáticas só podem ser atingidas se forem desenvolvidas tecnologias verdes, que à data ainda não existem”. O grande desafio é que “estas só ficarão disponíveis se houver investimento”, sendo que aqui estamos a falar de “somas avultadas”, milhões de milhões.
Como conseguir estas verbas? Na sua opinião, “só se consegue mobilizar somas avultadas se juntarmos governos e privados” neste objetivo comum. Ou seja, cruzando várias fontes de financiamento. Laginha elencou a intenção já demonstrada pelo FMI de avançar com a tributação de carbono, as várias fontes de concessão de subsídios públicos, a que se acrescenta o investimento privado. Mas, quanto a estes últimos, o investimento terá de vir de financiamento dos capitais próprios e da contração de dívida.
Quanto às prioridades do BP neste campo, a instituição está a tentar “compreender melhor os riscos associados às alterações climáticas”. Em segundo lugar, “a avaliar a exposição e resiliência do sistema bancário a estes riscos”, uma vez que “cerca de 60% da exposição de risco de empresas não financeiras tinham a ver com as alterações climáticas”.
O administrador do BP, a dada altura, até brincou: “Se, há 5 anos, alguém fosse falar de biodiversidade à mesa de uma reunião de um banco central, diziam-lhe para ter uma consulta de psiquiatria”.
Internamente, o BP tem “reduzido a sua pegada”, mesmo “na fábrica onde faz notas” e tem vindo a melhorar a “qualidade técnica dos seus recursos humanos”, que estão cada vez mais capazes de “prestar aconselhamento nesta área”. E a fazer, por ultimo, “a sensibilização dos decisores políticos” para estas matérias, uma vez que “as politicas públicas” são sempre “as mais eficazes”.